/SADER & GENTILI – O crescimento do mercado financeiro e as consequências disso

SADER & GENTILI – O crescimento do mercado financeiro e as consequências disso

SADER, E. e GENTILI,P. (Orgs.) (2003). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado Democrático. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 6.ed. [1a. ed. é de 1995]

A crise e o futuro do capitalismo” – Goran Therborn

A nova força dos mercados financeiros

44: “O terceiro aspecto do novo crescimento do mercado foi, talvez, o mais dramático: a expansão absolutamente enorme dos mercados financeiros internacionais, que começou com o déficit público dos Estados Unidos financiando a guerra do Vietnã. Com as recentes inovações tecnológicas, tanto de negócios quanto de jogos financeiros, estes mercados chegaram a ser extraordinariamente grandes em sua riqueza e em seus recursos. Para dar somente um exemplo, durante um dia em Londres é negociado um montante de divisas correspondente ao PIB mexicano de um ano inteiro. Em um dia e meio, os traficantes de divisas vendem e compram o equivalente ao PIB anual do Brasil. Outro novo aspecto deste processo é o fato de que, na Alemanha, um dos países mais importantes do capitalismo avançado, por volta de 1985, as transações externas de capital representavam 80% do comércio

45: externo do país. Em 1993, essas transações foram cinco vezes mais importantes do que o negócio de mercadorias naquele país. Se considerarmos todos os mercados internacionais de moedas, divisas, ações, etc, veremos que estes têm uma dimensão 19 vezes maior do que todo o comércio mundial de mercadorias e serviços.

Consequências:

i. “Primeiro, os mercados financeiros são mercados muito competitivos, possuem, eles mesmos, uma forte dinâmica competitiva.”

ii. “Segundo, têm impacto considerável na profunda mudança produzida nas relações entre os mercados e os Estados. Os Estados nacionais chegaram a ser muito menores do que este novo mercado financeiro mundial, ao mesmo tempo em que passaram a depender da confiança destes mercados para implementar grande parte das políticas estatais. Encontramo-nos também diante de uma situação inversa à dos anos 30 e 40: estes mercados podem gerar muito mais capital do que o próprio Estado. Esta é uma força objetiva, que hoje estimula a onda de privatizações. Existem motivos políticos e ideológicos para as privatizações, claro. No entanto, e isto é muito importante, também existe uma mudança nas relações de força entre os Estados e os mercados.”