De como a sede insaciável de riqueza leva à revolta:
“[à época de Sólon, início do s. VI a.C.] A justiça aparece como uma ordem inteiramente natural, que por si mesma se regulamenta. É a maldade dos homens, seu espírito de hybris, sua sede insaciável de riqueza que produzem naturalmente a desordem, segundo um processo que se pode marcar de antemão cada fase: a injustiça engendra a escravidão do povo e esta provoca em troca a sedição. A justa medida, para restabelecer a ordem e a hesychie, deve, pois, ao mesmo tempo quebrar a arrogância dos ricos,fazer cessar a escravidão do demos, sem ceder por isso à subversão.”
Jean-Pierre Vernant, As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1977.