MIRE E VEJA

PAISAGEM TAITIANA (1891), Paul Gauguin (1848-1903)

Óleo sobre tela, 67.95 x 92.39 cm, Minneapolis Institute of Art

Este quadro foi pintado no ano em que Paul Gauguin, aos 43 anos, deixando para trás Paris, a família e os amigos, se instalou no Pacífico do Sul, mais especificamente no Taiti. O esplendor das cores e do cenário, a natureza acolhedora e feliz, com um homem trilhando calmamente o caminho acompanhado de seu cachorro, parecem representar como Gauguin estava se sentido, longe das amarras da vida moderna.

Gauguin, até então, já passara por muita coisa: aos 17 anos havia se alistado na Marinha Francesa e viajado o mundo durante seis anos. Fora colecionador de arte e corretor da bolsa de valores. Casa e tem cinco filhos. Decide se tornar pintor aos vinte e cinco anos, depois da quebra da bolsa em 1882. Logo se refugia em uma região isolada da França à época, a Bretanha. Convive um tempo com Van Gogh em Arles, o que acabou sendo uma experiência muito difícil. Volta para Paris, vende tudo o que pintara e parte para o Taiti.

Chegando ao Taiti, fica pouco tempo na capital, Papeete, que acha ainda muito ocidentalizada. Vai para a aldeia de Mataiea, onde aprende a língua e os costumes dos nativos e tem contato com uma natureza intocada. As lindas moças maoris, são suas novas modelos, cuja beleza ele sabe apreciar e representar. Ele mesmo descreve a sensação de liberdade de dormir em uma cabana, longe da “civilização”:

“Adormeci com a música. Entre mim e o céu, só o telhado de folhas grandes de pandanos, onde vivem lagartixas. Em meu sono podia imaginar o espaço livre acima da cabeça, o céu, as estrelas. Eu estava bem longe das prisões européias. Uma cabana maori não exila, não o corta da vida, mas dá espaço ao infinito.”