Óleo sobre tela, 385 X 522 cm , Museu do Louvre

David foi acima de tudo um pintor engajado. Foi deputado nos primeiros anos da Revolução Francesa e depois se tornou o pintor oficial da corte napoleônica, tendo pintado, por exemplo, a cena de Napoleão coroando a si próprio na Catedral de Notre Dame. Era o líder do movimento neo-clássico, buscando inspiração na mitologia e na história da Antiguidade greco-romana. Muitas vezes estabelece relações entre a Antiguidade e o momento histórico que vivia, de certa maneira buscando legitimar o regime ao dotá-lo dessa aura clássica. Seus quadros, de acordo com essa proposta, eram monumentais.

Como este, que tem quase quatro metros de altura e mais de cinco metros de largura. Representa uma cena bem conhecida da mitologia romana. Os sabinos (à esquerda), tentam retomar suas mulheres, que haviam sido raptadas pelos romanos (à direita). Entre os dois exércitos, as mulheres, desesperadas juntamente com suas crianças, tentam impedir a carnificina. Uma delas eleva uma criança pequena acima de um mar de lanças. Outra rasteja tentando proteger seus três filhos. Uma mulher de branco e com pele alvíssima, talvez para representar a possibilidade de paz, abre os braços dramaticamente, tentando parar a carnificina. Do ponto de vista do quadro, separa os dois grupos, organizando a cena.

Em um quadro cuja perfeição técnica é admirável (vale a pena clicar na imagem para aumentá-la), Davi mostra com clareza quem mais sofria com as guerras: a população civil indefesa.

P.S: Um detalhe interessante é que David era tio e foi o principal mestre de Jean-Baptiste Debret