/MIRE E VEJA – O SOLDADO BEBE (1911-12) – Marc Chagall (1887-1985)

MIRE E VEJA – O SOLDADO BEBE (1911-12) – Marc Chagall (1887-1985)

MIRE E VEJA

O SOLDADO BEBE (1911-12), Marc Chagall (1887-1985)

Óleo sobre tela, 109 x 94,5, Museu Salomon R. Guggenheim, Nova Iorque

Em um balcão de bar há um soldado, mirando um interlocutor ou interlocutora que não aparece na cena e pode ser o próprio espectador, nós que vemos o quadro. O braço direito tem o cotovelo sobre o balcão e a mão, pintada em uma cor escura, levantada e talvez apontando para a janela. O braço esquerdo está estendido e o indicador aponta um copo quase todo recoberto por uma espécie de poça azul bem embaixo do samovar. O rosto do soldado é parcialmente composto por partes geométricas, à moda do cubismo. Seu bigode é pintado em preto e branco, realçando-o. Os olhos tem cores diferentes, um é azul e outro verde, gerando uma sensação de estranheza que talvez corresponda ao estado alterado de consciência proporcionado pela bebida. A boina paira acima da cabeça de forma mágica, mas pode estar assinalando que naquele momento o soldado estava se despindo da função militar. No balcão, há um casal, de tamanho diminuto, como se fossem miniaturas, dançando alegremente. É composto por uma mulher e um soldado. No fundo da cena, depois do balcão, há uma janela amarela de onde se pode ver uma casa multicolor, cercada por um céu avermelhado de caráter hostil.

Ao beber, e o título do quadro insiste nesse ponto, o soldado pode estar lembrando de um belo momento passado ou, ao contrário, sonhando com sua ocorrência no futuro. O quadro tem muito movimento, um clima onírico e uma combinação de cores que beira o alucinógeno. Chagall será conhecido por cores fortes e resplandescentes, bem como por quadros carregados de aspectos mágicos e simbólicos.

Nascido na Rússia, em uma família humilde, aos 23 anos Chagall acaba indo para Paris à época em que a cena artística fervia com vanguardas, dentre elas o cubismo e o surrealismo. Nesta primeira passagem, fica quatro anos antes de voltar para a Rússia em 1914. Neste breve período travou contato com artistas importantes como Amedeo Modigliani e Robert Delauney. “O soldado bebe” foi pintado durante esta primeira estada em Paris. Durante a II GM irá refugiar-se nos Estados Unidos e volta à França, que para ele simbolizava a liberdade, em 1947, lá ficando até o final da sua vida. Além de pintor foi também gravador e vitralista, tendo feito obras para igrejas e sinagogas.