Óleo, goma-laca, tiras de couro, papel, giz, emulsão e fibra sobre tela, 4205 x 2805 cm, Tate Modern

O título, “As nornas” se refere a divindades da mitologia nórdica, que controlam o presente, o passado e o futuro, não só dos homens mas também dos deuses. Elas cuidam do cumprimento e conservação das leis que regem a realidade humana e não-humana. Aparecem nas figuras da virgem (futuro), da mãe (presente) e da anciã (passado). Curiosamente, o artista optou por não representá-las no quadro, embora haja elementos que se relacionam com elas, como veremos.

Temos uma enorme construção, cujo fim não se pode divisar, em forma de arco, talvez sugerindo a passagem do tempo. Ela é sustentada por pilares de tijolos e tem piso de pedra. Ao centro, arde um fogo. No alto, o nome das três nornas foi escrito a giz e dos nomes pendem fios, remetendo à função de tecelãs do destino. Como em outras pinturas, Kiefer queimou certas partes da tela, segundo ele para limpar a imagem, remetendo a uma prática da alquimia. O fogo no centro da construção também remete a esta capacidade de transformação e regeneração. O próprio Kiefer certa vez assinalou:”Sempre há a memória distante de um fogo antigo que cria e destrói. Tudo vem do fogo e retorna a ele. Ele é tão poderoso quanto o tempo.”

Notar que este quadro tem mais de quatro metros de altura e praticamente três metros de largura.

Anselm Kiefer nasceu na Alemanha, dois meses antes do fim da Segunda Guerra Mundial. A questão do passado, sobretudo do passado nazista, é muito importante em sua obra, levando-o a ser chamado de “o pintor do Apocalipse”. Gosta de abordar temas tabu, além da mitologia nórdica, a cabala e outros elementos esotéricos. Suas obras utilizam diversos materiais e costumam ser de grandes dimensões, em correspondência com as temáticas.