MIRE E VEJA
PRIMAVERA (entre 1477-8 e 1481-2), Botticelli (1445-1510)
A linda cena pintada aqui por Botticelli é uma produção típica do Renascimento, inspirada na Antiguidade Clássica, tomada como modelo de beleza e perfeição. Nossa atenção é despertada primeiramente pelas três Graças, dispensadoras de bens e de alegrias à Humanidade. Elas dançam na ponta dos pés, mal tocando o solo com toda a leveza e vestidas com mantos diáfanos que permitem ver seus corpos perfeitos. Têm as mãos entrelaçadas, irmãs que são, em um convívio pacífico. Acima delas, um pouco à direita, o pequeno cupido, vendado pois o Amor é cego, prepara-se para ferir de paixão a mais ingênua delas, posicionada ao centro e sem enfeites no cabelo. À direita desse grupo, praticamente no centro do quadro e mais alta do que todos, temos Vênus (Afrodite), a deusa do Amor, com a mão direita levantada, como que abençoando toda a cena. Mais à direita dela, uma cena com três personagens. O vento azulado persegue, segura e fecunda uma ninfa e deste conúbio nasce a primavera, que já distribui sementes pelo solo. Na extrema esquerda do solo, Hermes, deus do movimento, das passagens, da comunicação.
Botticelli nos dá uma ideia perfeita de perfeição divina, de harmonia. Mas que não é acessível a nós humanos, o que faz com que toda a beleza do quadro nos desperte, além de fascínio, a ideia de um sonho distante, uma certa melancolia.