/ESTUDOS PROUSTIANOS – A lisonja de Proust podia ser curiosidade servil e a curiosidade podia ser lisonja servil

ESTUDOS PROUSTIANOS – A lisonja de Proust podia ser curiosidade servil e a curiosidade podia ser lisonja servil

É sobretudo quando o espetáculo se apresenta nos mais baixos escalões da sociedade que ela [sic] desperta o interesse desse conhecedor de cerimônias. Quem poderá dizer quanta curiosidade servil havia na lisonja de Proust, quanta lisonja servil em sua curiosidade, e onde estavam os limites dessa cópia exagerada do papel servil, no vértice da pirâmide social? Proust efetuou essa cópia, e não poderia ter agido de outro modo. Como ele mesmo confidenciou uma vez: voir e désirer imiter eram para ele a mesma coisa. Maurice Barrès definiu essa atitude, ao mesmo tempo soberana e subalterna, numa das frases mais expressivas jamais formuladas acerca de Proust: ‘Un poète persan dans une loge de concierge’.”

Walter Benjamin, “A imagem de Proust” In: Obras escolhidas – volume 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987. 3. ed. p.44.