“As obras dos dois, portanto, a partir de uma intuição central, foram edificadas aos poucos, em partes laboriosamente conquistadas. ‘Nós a modificamos sem cessar’, escreveu Freud, ‘mantendo um contato contínuo com a observação, até que ela enfim adquiriu a forma na qual parece ser suficiente para nossas finalidades’. Da mesma forma, O tempo redescoberto apresenta a obra como uma ofensiva militar, uma fadiga, uma igreja, um regime, um obstáculo, uma amizade, uma criança, um mundo. ‘A ideia da obra’, declara o Narrador, ‘estava em minha cabeça, sempre a mesma, em perpétuo devir.'”
TADIÉ, Jean-Yves. O lago desconhecido: Entre Proust e Freud. Porto Alegre: L&PM, 2017. pp. 12-13.