ESTUDOS PROUSTIANOS – A vida recriada que ascende à atemporalidade
“O tempo é captado, e a vida no tempo, pela volta ao passado, passa a ser uma vida recriada que ascende à atemporalidade. Este contraste entre a submissão e a emancipação em relação a Kronos é enfatizado, no texto, por outros elementos além da repetição já comentada. Os adjuntos adverbiais de tempo encabeçam as três primeiras orações; a palavra inicial do romance é um adjunto adverbial de tempo, Longtemps, assim como o último sintagma de Le temps retrouvé [o último volume da obra], ‘dans le Temps’. Todo o romance se encaixa, portanto, entre dois complementos adverbiais de tempo, como a vida submetida ao tempo. Mas esse tempo com letra maiúscula, que conclui a história da vida do narrador, será subjugado, encaixado no romance.”
HARVEY, Vera. Marcel Proust: realidade e criação. São Paulo: Perspectiva, 2007. pp. 132.