“Num trecho pouco conhecido de À sombra das raparigas em flor, Proust, a respeito dos sonhos em Rivebelle, apresenta um espantoso panorama da atividade noturna do inconsciente. (…) O herói, após noites de embriaguez em Rivebelle, cai num sono profundo. Desordenadamente, surgem ‘o retorno à juventude, a repetição dos anos passados, dos sentimentos perdidos, a desencarnação, a transmigração das almas, a evocação dos mortos, as ilusões da loucura, a regressão aos reinos mais elementares da natureza (…) todos esses mistérios que acreditamos não conhecer e aos quais somos iniciados quase todas as noites, bem como o outro grande mistério do aniquilamento e da ressurreição’.
TADIÉ, Jean-Yves. O lago desconhecido: Entre Proust e Freud. Porto Alegre: L&PM, 2017. p.25