/ESTUDOS PROUSTIANOS – A memória involuntária e os momentos de recuperação do passado

ESTUDOS PROUSTIANOS – A memória involuntária e os momentos de recuperação do passado

“Há, no romance, momentos de recuperação do passado, do eu perdido, por meio do fenômeno da memória involuntária, isto é, uma sensação sempre imprevista e espontânea, que se liga a outra do mesmo tipo num momento de plenitude em que se sentiu a vida com toda a sua intensidade. Essa sensação tem a capacidade de recriar o passado de forma mais intensa do que a memória voluntária, a da inteligência. Num momento privilegiado, quer comendo um bolinho (madeleine) com chá de tília, quer encostando nos lábios um guardanapo engomado ou batendo com a colher no pires, ou ainda pela magia da pequena frase musical da Sonata de Vinteuil, o narrador, ou Swann, tem o poder de dominar o tempo, de mergulhar nele para captar um passado que acreditava morto.”

Marcel Proust: realidade e criação. São Paulo: Perspectiva, 2007. p.20