“A quintessência da experiência não é aprender a ouvir explicações prolixas que à primeira vista poderiam ser resumidas em poucas palavras, e sim aprender que essas palavras fazem parte de um jargão regulamentado por critérios de casta e de classe e não são acessíveis a estranhos. Não admira que Proust se apaixonasse pela linguagem secreta dos salões. Quando empreendeu mais tarde a impiedosa descrição do petit clan dos Corvoisier [aristocratas unicamente preocupados com sua posição], do esprit d’Oriane [Guermantes], ele já havia aprendido, no convívio com os Bibesco, a improvisar uma linguagem cifrada, na qual ele também os iniciou.”

* O que Deleuze chama de decifrar signos

Walter Benjamin, “A imagem de Proust” In: Obras escolhidas – volume 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987. 3. ed. p.42.