ESTUDOS PROUSTIANOS – O objetivo do autor ao comparar Freud e Proust – fazer os dois dialogarem
“Faremos um inventário dos temas sobre os quais os dois autores versaram, tão numerosos que sem dúvida não puderam ser abordados em sua totalidade. Se os dois tivessem se conhecido, teriam tanto a dizer um ao outro! Num gênero há muito celebrado, sonhamos com um diálogo de mortos. Ao fazer cada tema decorrer do precedente, partindo do sonho e chegando à morte, tentamos iluminar um pelo outro, como se os discursos alternados se fundissem num único propósito: é preciso ser dois para chegar à verdade. Busquei comparar as duas inteligências, duas atitudes, dois comportamentos diante dos homens e do mundo, diante de si mesmos. Não busco desvelar segredos que, de resto, todos conhecem. Espero que, dos dois termos da comparação, dos dois polos da metáfora, possa surgir uma centelha, uma ideia, uma impressão poética. Para que sempre nos lembremos de um ao falar do outro.”
TADIÉ, Jean-Yves. O lago desconhecido: Entre Proust e Freud. Porto Alegre: L&PM, 2017. p.13.