ESTUDOS PROUSTIANOS – Proust não se submetia ao sono, sua voz obedecia às leis da noite e do mel
“Não podemos prever os encontros que nos estariam destinados se nos submetêssemos menos ao sono. Proust não se submetia ao sono. E, no entanto, ou por isso mesmo, Jean Cocteau pôde dizer, num belo ensaio, que a cadência de sua voz obedecia às leis da noite e do mel. Submetendo-se à noite, Proust vencia a tristeza sem consolo de sua vida interior (que ele uma vez descreveu como ‘l’imperfection incurable dan l’essence même du present’), e construiu, com as colméias da memória, uma casa para o enxame dos seus pensamentos.”
Walter Benjamin, “A imagem de Proust” In: Obras escolhidas – volume 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987. 3. ed. p. 38.