MIRE E VEJA
SEM TÍTULO (1981), Jean-Michel Basquiat (1960-1988)
Acrílico e técnica mista sobre tela, 205,7 x 175,9, Coleção Eli e Edyth L. Broad, Los Angeles
Jean-Michel Basquiat atravessou seus vinte e oito anos na terra como um cometa. Filho de mãe porto-riquenha e pai haitiano, abandona a escola e se dedica ao grafite, inventando uma assinatura SAMO (Same old shit ou A mesma merda de sempre) que ficaria famosa. Participa de bandas de rock, namora uma cantora que ninguém conhecia chamada Madonna e por fim se torna artista plástico e amigo de Andy Warhol. Mergulha na droga e morre de overdose para virar um mito.
Há mais de cem anos, o sociólogo alemão Geog Simmel escreveu sobre a metrópole e a vida mental, assinalando o excesso de estímulos proporcionado pelo ambiente urbano. Este texto parece ter encontrado a ilustração perfeita neste quadro de Basquiat.
Esta obra, embora seja sem título, tem a inscrição “Head of” (cabeça de) bem acima. Cabeça de quem? De Basquiat? Sua? Nossa? O fato é que ela talvez represente a desordem e o caos dos nossos pensamentos. Há também que destacar a presença de cicatrizes dentro e fora da caveira, apontando para processos que deixam marcas profundas. A caveira, aliás, é um tema clássico que Basquiat retoma numa estética neo- expressionista, em que as emoções são representadas de forma exagerada e dramática.