OS SETE SEGREDOS DE FLORA
Capítulo 43: NUNCA MAIS
O dia em que Flora daria a pista para revelar o último segredo amanheceu chuvoso, cinzento e até um pouco frio. Depois das cervejas e do jogo do Botafogo, uma vitória suada sobre o Sport, Bola dormiu no sofá. Pedro acordou no escuro da noite, a casa silenciosa povoada pelo fantasma de um amor interrompido. Foi até a cozinha beber um copo d’água, no caminho sorriu ao ver seu bom amigo dormindo tranquilamente. Brincava, dizendo que não sabia quem roncava mais forte: a Harley ou Bola. Conseguiu dormir de novo, mas muito pouco, ultimamente só acordava antes do sol. Preparou um bom café para o melhor amigo do mundo, ele preferia o agradecimento na forma de ovos mexidos, croissants e café com leite. Seria um dia difícil.
Bola despertou feliz como se tivesse dormido em um palácio e mais alegre ainda ficou ao ver a mesa posta com tudo que ele gostava. Comeu feito um rei e se despediu de Pedro, ia ao escritório trabalhar e voltaria após o expediente. As mensagens de Flora só vinham à noitinha. Pedro lhe deu um abraço tão forte que Bola até fingiu reclamar.
Agora faltava pouco. Tinha que preparar as aulas, à tarde estaria na escola com aquele bando de pestinhas adoráveis e quando chegasse em casa estaria quase na hora. A sétima mensagem de Flora, o sétimo e derradeiro segredo. Que viesse, por mais assustador que fosse.
A noite chegou. Depois de um lanche, Pedro e Bola se instalaram no sofá, o celular depositado na mesinha à frente como uma entidade metafísica. Para distrair, ligaram a tv, desligaram a tv, jogaram três partidas de botão, conversaram sobre tudo, evitando o tema Flora. Não era preciso, estava à flor da pele. O tempo foi escorrendo, segundo a segundo.
Nada. Lá pelas dez da noite começaram a ficar bastante preocupados. Nenhuma mensagem de Flora havia chegado tão tarde. Bola tentava manter a calma e inventar uma série de explicações para que seu amigo não entrasse em desespero total. Pedro pressentia o pior e pensava no que poderia ter acontecido. Flora desistira dele. Nunca mais iria vê-la, nunca mais ouviria sua voz, nunca mais beijaria seus pezinhos, nunca mais a chamaria de minha branquinha. Nunca mais.