/OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 40: LUZ E SOMBRA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 40: LUZ E SOMBRA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA

Capítulo 40: LUZ E SOMBRA

Esperar nunca fora o forte de Pedro. Bola, que além de arquiteto tinha mania de ler livros de psicologia, dizia que o amigo era o ansioso perfeito, aquele que sempre chega horas antes do compromisso, com medo de atrasar. Mauricio dizia que Pedro era que nem uma bola de basquete, vivia quicando de impaciência. Se era para aguardar a chegada de Flora em casa, nem se fala, uma hora antes só pensava nisso. Imagine só agora, naquela situação, o bendito dia onze e sua promessa de redenção parecia mais distante que o próximo milênio. O jeito foi se dedicar o máximo possível ao trabalho, caprichar nas aulas, a garotada do colégio assistiu a exposições ainda mais preparadas sobre o espaço geográfico brasileiro, tema daquele mês. Mas tiveram que se acostumar com um professor que podia interromper uma frase no meio e pairar em uma nuvem ou se transportar para um outro mundo. Entre as alunas logo correu a fofoca: o professor deve estar muito, muito apaixonado mesmo. Os meninos, menos observadores, nada notaram.

Bola procurava ajudar o amigo arrancando-o à força de casa. Ele sabia que a casa era o cenário do amor por Flora e que Pedro não parava de repetir e repetir os muitos momentos que havia dividido com ela. Ali Flora era luz e sombra. Por isso Bola escolhia bem os passeios, tentava levar Pedro para lugares que o casal não houvesse visitado, o que era difícil. Até que teve a ideia de ensinar Pedro a andar de moto. Era uma grande prova de amizade, colocar a sua amada Harley à disposição. Naquelas duas semanas que faltavam, Pedro foi aos poucos conhecendo aquela máquina que funcionava como um animal a ser domado. Sofreu um tombo sem importância, o que serviu de aviso, aquela brincadeira era perigosa. Mas não houve nada capaz de distraí-lo tanto quanto o ronco da moto e aquela sensação de estar voando sobre duas rodas.

Na véspera do dia onze, foi Pedro que levou Bola na garupa até Saquarema em busca de um restaurante de frutos do mar. A ideia era ir, se empanturrar de camarão e voltar no mesmo dia. Quem sabe assim ficaria cansado o suficiente para deitar na cama e dormir. Até acordar no dia em que o último segredo seria revelado.