OS SETE SEGREDOS DE FLORA

Capítulo 62: MÁRCIO ALEIXO

Bola começou a pesquisar acerca do deputado para preparar seu amigo para a conversa do dia seguinte. Pedro, além da sua dificuldade com computadores, não estava com cabeça, imaginava o que estava acontecendo com Flora, o medo tomando conta. De acordo com Bola, Márcio Aleixo era um dos mais respeitados deputados de esquerda do Congresso e focava sua atuação em duas questões: Direitos Humanos e meio ambiente. Suas denúncias de torturas e extermínio por parte das polícias tinham levado a uma ruidosa CPI que acabara por condenar dezenas de policiais à prisão. Jurado de morte, recebendo ameaças constantes, tinha qudee se movimentar em um carro blindado e com escolta vinte e quatro horas. Recentemente, tinha voltado sua atuação para denunciar os crimes ambientais cometidos pelo agronegócio. Um dos pontos mais importantes desta luta era exatamente a chamada CPI do Eucalipto. O dossiê produzido por Flora e o seu testemunho teriam papel de destaque, conforme ela explicara no diário. Por isso o deputado havia suspendido a coleta de assinaturas para a CPI após Flora desaparecer.

Era um simpático restaurante de comida nordestina no Largo dos Guimarães, epicentro da vida boêmia de Santa Teresa. Mas o horário marcado pelo deputado não era boêmio: onze horas de uma manhã de sol. Pedro, sempre ansioso, já estava lá quando Márcio Aleixo chegou, acompanhado de dois guarda-costas, que se postaram à porta. De altura mediana, com uma barba em que os fios brancos começavam a predominar, afora o terno e a gravata, o deputado parecia um sujeito simpático.

— Desculpe marcar a essa hora, Pedro, mas assim ficamos mais à vontade. E a feijoada sai mais rápido…

— Não tem problema. Para mim, quanto mais cedo melhor. Este aqui é meu amigo e irmão Maurício, mais conhecido como Bola. Deixa eu contar para o senhor sobre os diários falando da Zerdau. Flora registra ter sido seguida, de forma cada vez mais ostensiva e ameaçadora. Ela fugiu de Minas.

— Ela estava em contato comigo, de repente cessaram as mensagens. Acredito que a tenham sequestrado. Os diários são uma prova para podermos acionar a polícia.

— Quanto mais rápido melhor, deputado.