OS SETE SEGREDOS DE FLORA
Capítulo 38: MATA FECHADA
— Vocês a encontraram logo?
— Nada, demorou três domingos. No primeiro fizemos um breve reconhecimento do terreno, procurando por alguma pequena estrada por onde o Saulo devia chegar de carro até a cabana. Quase nos perdemos na mata e pouco antes de escurecer é que lembramos de tirar algumas fotos de pássaros, era o nosso álibi. A mata era muito mais fechada do que imaginávamos. Tanto eu quanto Carlos somos urbanóides, não temos intimidade com a natureza nem tampouco senso de direção apurado.
— Parece uma missão impossível…
— Era o que a gente sentia, mas tínhamos que continuar. Havia a certeza de que a Flora estava ali perto, numa cabana de madeira, talvez amarrada e drogada, à mercê daquele monstro do Saulo, isso nos deixava arrepiados. Eu nem conseguia dormir direito. Tinha pesadelos terríveis. Por isso fomos para a mata novamente no domingo seguinte. Já nos movimentamos melhor, havia um riacho que usamos como ponto de referência, assim como as grandes montanhas onde o sítio terminava. Mas nem sinal de cabana, de Flora ou do caminho de terra que devia ser utilizado por Saulo. O fato que mais nos afligia é que depois tínhamos que esperar mais uma semana até o próximo domingo. Era enlouquecedor.
— Foi no terceiro domingo que conseguiram?
— Sim, mas só depois de mudar de tática. Para encontrar a estradinha que levava à cabana, demos uma volta de 360 graus em torno da casa até que encontramos o que mal parecia ser um caminho, mas que poderia servir ao carro 4×4 do Saulo, capaz de andar em qualquer terreno. Seguimos por ele até vermos uma cabana de madeira praticamente engolida pela mata.
— Flora estava lá?
— Sim. Conseguimos entrar forçando uma janela, o Carlos tinha levado instrumentos para isso. Ela estava muito assustada e um pouco atordoada, nos contou que era seguidamente drogada para que Saulo fizesse com ela o que bem quisesse. Nos abraçou longamente, mas conteve o choro. Disse que tínhamos que sair o mais rapidamente possível dali. Foi o que fizemos. Tomamos um outro caminho que ia na direção da pequena cidade. No meio da caminhada conseguimos uma carona. Fui com Flora até a casa dos pais dela.