/Para ler Proust – Parte 2 – Cronologia da vida e obra de Proust

Para ler Proust – Parte 2 – Cronologia da vida e obra de Proust

CRONOLOGIA – Marcel PROUST – GL Em busca do tempo perdido – Prof. M. Alvito

1871

Marcel Proust nasce em Auteil (rico subúrbio parisiense) em 10 de julho. Filho de Jeanne Proust (nascida Weil – 1849-1905), filha de um rico agente de câmbio judeu; e do médico

católico Adrien Proust (1834-1903), de família humilde. Vem à luz na casa do tio-avô materno Louis Weil para onde tinham ido por causa da guerra franco-prussiana. Mãe tinha 22 e o pai 37 quando ele nasce.

Batizado em agosto na igreja Saint-Louis d’Antin, em Paris.

1873

[2]

Nascimento do único irmão de Proust, o futuro médico Robert Proust. Será cirurgião e professor da Faculdade de Medicina como o pai.

1880

[9]

Primeiro ataque de asma de Proust; ele sofrerá a vida toda da doença, às vezes severamente.

1882-1889

Depois do ensino doméstico, ingressa no Lycée Condorcet, onde fica até concluir o que hoje é o ensino médio

1888–89

[17-18]

Iniciado em filosofia no Condorcet pelo professor Alphonse Darlu, um neo kantiano profundamente admirado por Proust. Lê Renan, Leconte de Lisle e Loti. Em 1889, Proust recebe seu bacharelado em filosofia com honras.

1889

[18]

Alista-se como voluntário durante um ano no 76o. Regimento de Infantaria, em Orléans, o que o dispensa dos três anos de serviço militar obrigatório. Durante o serviço militar, fica amigo de Robert de Billy and Gaston de Caillavet. A altura que consta do seu alistamento é de um metro e sessenta e oito centímetros.

1890

[19]

Sem muita convicção, matricula-se na Escola de Ciência Política. Publica textos no Le Mensuel, do qual parece ter sido um dos editores. Intensa vida mundana.

1891

[20]

Passa o primeiro de muitos verões na costa da Normandia, em Cabourg ou em Trouville, unificadas no romance na inventada Balbec . Encontra-se com o pintor Jacques-Émile Blanche e com o escritor Oscar Wilde.

Matricula-se na Faculdade de Direito de Paris em novembro.

1892

[21]

Publica textos Le Banquet, de cujo comitê editorial ele faz parte.

É aprovado nos exames para obter um diploma de Ciência Política.

A prima de Proust, Louise Neuburger, casa-se com o filósofo Henri Bergson.

Seu amigo, o pintor Jacques-Émile Blanche, faz seu retrato a óleo.

1893

[22]

Publica em La Revue blanche. Férias em Saint Moritz, onde ele trabalha nos textos do seu primeiro livro, Les plaisirs et les jours (Os prazeres e os dias).

Passa nos exames no outono e recebe o diploma de Direito em 10 de outubro de 1893 e prepara-se para terminar o curso de Letras.

Confrontando um pai que quer que ele abrace uma carreira, Proust se defende matriculando-se no curso de Filosofia.

Conhece o Barão Robert de Montesquiou, que inspira a criação da personagem do Barão de Charlus.

1894

[23]

Estuda filosofia e participa ativamente da vida social do high society, cultivando contatos com muitos artistas e aristocratas.

Romance com o músico Reynaldo Hahn.

1895

[24]

Obtém um diploma em filosofia. Entra como assistente não-remunerado Bibliothèque Mazarine, emprego que jamais exercerá. Lê Ralph Waldo Emerson, Thomas Carlyle, Honoré de Balzac e Gustave Flaubert. Começa a escrever na praia de Beg-Meil um projeto de romance que o ocupará até 1899 e que permanecerá inacabado (os esboços serão depois publicados com o nome de Jean Santeuil).

Romance com Lucien Daudet, filho do escritor Alphonse Daudet.

1896 [25]

Publica o ensaio “Contra a obscuridade” na La Revue blanche.

Em dezembro publica Os prazeres e os dias, com um prefácio de Anatole France. É uma coletânea de textos, em sua maioria já publicados na revista Le Banquet e na Revue Blanche.

1897

[26]

Proust duela com o crítico Jean Lorrain que sugere uma ligação homossexual entre ele e Daudet em uma resenha de Les plaisirs et les jours. Descoberta da obra de John Ruskin.

1898

[27]

Ativo Dreyfusard (militante pró-Dreyfus) no momento do julgamento de Émile Zola por conta de sua atividade a favor de Dreyfus. Proust assina o documento que pedia a revisão do caso.Viaja para a Holanda em outubro.

1899

[28]

Pede a quarta e última licença da Bibliothèque Mazarine. Abandona o projeto de escrever

Jean Santeuil. Lê sobre arquitetura gótica e começa a traduzir do inglês a obra do historiador da arte britânico John Ruskin, com ajuda da mãe e de uma prima inglesa de Reinaldo Hahn.

1900

[29]

Publicação no Le Figaro de “Pèlerinage ruskiniens en France” (“Ruskinian Pilgrimages in France”) e, Le Mercure de France, “Ruskin à Notre Dame d’Amiens”. Faz duas viagens a Veneza com sua mãe. A família se muda do boulevard Malesherbes para a rue de Courcelles, perto do elegante parc Monceau.

1902

[30]

Proust na Bélgica e na Holanda, acompanhado em parte do tempo por Bertrand de Fénelon. Na Holanda contempla aquele que considerará “o mais lindo quadro da história da pintura”, Vista de Delft, do pintor Vermeer. Pastiche de Saint-Simon publicado no Le Figaro.

1903

[31]

Começa a publicar uma série sobre “salons” no Le Figaro. Morte do seu pai, médico sanitarista e professor da Faculdade de Medicina.

1904

[32]

Le Figaro publica um artigo dele pedindo a preservação das igrejas medievais: “La mort des cathédrales: Une conséquence du projet Briand sur la séparation” [separação entre igreja e estado] Publicação da tradução de The Bible of Amiens, de John Ruskin.

1905

[33]

Publica “Sur la lecture”, prefácio da sua tradução a ser publicada de Sesame and Lilies de Ruskin. Este texto, de certa forma, antecipa Contre Sainte-Beuve e No caminho de Swann. Morte da mãe de Proust, Jeanne Proust, levando a meses de luto. Agora Proust é independente financeiramente. No final do ano ele se interna em um sanatório para ‘curar’ sua asma.

1906

[34]

Publica sua tradução de Sesame and Lilies, com prefácio extremamente importante sobre a leitura, que, de certa forma, antecipa Contre Sainte-Beuve e No caminho de Swann. Se muda para 102 boulevard Haussmann, o antigo apartamento do seu falecido tio. Cobre as paredes do quarto de dormir com cortiça.

1907

[35]

Publica um artigo em Le Figaro, “Sentiments filiaux d’un parricide”, além de outros artigos no mesmo jornal.

Dá um jantar no Ritz no qual Gabriel Fauré, doente, iria tocar sua Primeira Sonata, op. 13. Viagens pela Normandia com seu chauffeur, Alfred Agostinelli.

1908

[36]

Le Figaro publica uma série de pastiches de escritores franceses famosos. No verão do mesmo ano, começa a trabalhar em um projeto misto de narrativa e crítica literária, em que, de um diálogo fictício com sua mãe, ele conseguiria formular suas objeções àquele que era considerado o maior crítico literário do século XIX, Saint-Beuve. Manuscritos que serão publicados postumamente como Contre Sainte-Beuve.

1909-1910

[37]

Começa a levar uma vida de recluso, devotando-se inteiramente A la recherche du temps perdu. As paredes do seu quarto se revestem de cortiça. A obra se amplia consideravelmente e torna-se um projeto de romance. Ele passa a pensar em dois volumes de setecentas páginas cada; o primeiro, O tempo perdido, e o segundo, O tempo reencontrado, com o título geral Intermitências do coração (Intermittences du coeur).

Os amigos Reinaldo Hahn and Georges de Lauris ficam entusiasmados com a primeira versão de Du côté de chez Swann.

1912

[41]

Escuta música no seu apartamento no “théatrophone”— um serviço telefônico de música. Agostinelli torna-se seu secretário e datilógrafo.

1913

[42]

Céleste Albaret torna-se a governanta da casa de Proust e ficará com Proust até o final. Bernard Grasset publica Du côté de chez Swann Way com as despesas pagas pelo autor. A obra como um todo recebe o título geral de À la recherche du temps perdu, A caminho de Swann é o primeiro volume. Em dezembro, Agostinelli foge para Mônaco.

1914

[43]

Morte de Agostinelli em abril em um acidente de avião. Estava aprendendo a pilotar adotando o nome de Marcel Swann. Proust prepara a edição do segundo volume, mas… Começa a I GM. Com isso, fica suspensa a edição. Durante o inverno, Proust fica sabendo da morte de Fénelon e depois Caillavet. Revisa e aumenta a novela durante toda a guerra, fazendo-a dobrar de extensão. Mesmo durante a guerra pesquisa incansavelmente, encontrando e entrevistando pessoas, enviando cartas. Muito doente, Proust é liberado do serviço militar.

1916

[45]

Publicação do romance é entregue ao editor Gaston Gallimard e à revista La Nouvelle Revue française (NRF). Retoma a vida social, encontrando escritores como Jean Cocteau e Paul Morand.

1917

[46]

Frequentemente no Hotel Ritz. A Gallimard publica uma nova versão de Du côté de chez Swann.

1918

[47]

Paris é bombardeada.

1919

[48]

Recebe o Prêmio Goncourt por A l’ombre des jeunes filles en fleurs, o volume retardado (e totalmente modificado) por anos de guerra.

Publica uma antologia de escritos anteriores Pastiches et mélanges. A tia de Proust’s vende o seu apartamento, obrigando-o a mudar-se temporariamente e depois para o 5o. andar, 44 rue Hamelin, onde ele trabalha em A la recherche du temps perdu até a sua morte.

1920

[49]

Publica o primeiro volume de Du côté de Guermantes. NRF publica o ensaio “A propos du style de Flaubert”

1921

[50]

Publica o segundo volume de Du côté de Guermantes e o primeiro de Sodome et Gomorrhe. O ensaio “A propos de Baudelaire” (“On Baudelaire”) aparece na NRF. Proust passa mal quando está visitando uma exposição de pintores holandeses em Paris, na qual ele vê novamente o quadro de Vermeer: Vista de Delft.

1922

[51]

Publica o segundo volume de Sodoma e Gomorra. Trabalha intensamente para concluir o romance, preparando o quinto volume. Conta a Céleste Alberet que escreveu a palavra fim no manuscrito. Pega pneumonia viral e morre em 18 de novembro de 1922.

APÓS A MORTE DE PROUST

1923

O irmão de Proust, Robert, coordena a publicação dos manuscritos restantes. Publicação em dois volumes de A prisioneira, volume 5.

1925

Publicação de Albertine disparu (A fugitiva na tradução brasileira) , primeiramente chamado de A fugitiva no manuscrito mas mudado à época da publicação para evitar confusão com uma obra do mesmo título da parte de Rabindranath Tagore.

1927

Cinco anos após a sua morte, Robert Proust e Jacques Rivière conseguem dar forma aos manuscritos e publicar o último volume, Le temps retrouvé (O tempo redescoberto) em dois tomos.

Robert Proust seleciona artigos e ensaios ocasionais publicados como Chroniques (Crônicas).

1930–36

Publicação de uma seleção das cartas de Proust na sua Correspondance générale, por Robert Proust and Paul Brach

1952

Bernard de Fallois publica uma reconstrução do romance abandonado de Proust, que ele intitula Jean Santeuil.

1954

O mesmo Fallois agrupa um conjunto de manuscritos escritos antes de A busca do tempo perdido e os publica como Contre Sainte-Beuve. Adiciona uma seleção de textos anteriores “Nouveaux mélanges” (“Nova Miscelânea”). Primeira publicação de uma edição bem preparada de Em busca do tempo perdido na prestigiosa Bibliothèque de la Pléïade.

1970

Philip Kolb começa a publicar as cartas de Proust em uma série com vários volumes (terá 21 volumes), chamada Correspondance (Correspondência)

1987

Publicação de uma edição revisada e grandemente aumentada de A la recherche du temps perdu pela Pléïade.