MIRE E VEJA
Seja marginal, seja herói (1968), Hélio Oiticica (1937-1980)
Serigrafia sobre tecido, coleção particular
Ele foi um dos maiores inovadores da arte brasileira. Começou na pintura mas logo quis libertar sua arte deste suporte, transformando o espectador em “participador”, questionando não só a obra de arte como algo a ser contemplado mas também o museu como o espaço por excelência da arte, que para ele tinha que retornar à rua e literalmente encarnar-se nas pessoas, como no caso dos parangolés. Para ele o artista não deveria criar, no sentido de fabricar algo perfeito e acabado e sim inventar, bagunçar o coreto ou nas palavras do próprio Oiticica: “mudar o valor das coisas”.
No caso da bandeira “Seja marginal, seja herói”, como diz a crítica Paula Braga: “Oiticica explicita sua forma de marginalidade no sentido da confrontação da regra, da vivência às margens da sociedade. A imagem de um bandido morto pela polícia adquire a forma da crucificação, tão recorrente na história da arte. Porém, o artista opta por apresentar o corpo de cabeça para baixo. O marginal é então aquele que, como o crucificado mais famoso da história da pinturar, lança uma nova moral, e ao mesmo tempo é aquele que inverte a moral vigente.”
Essa bandeira foi usada por Gilberto Gil e Caetano Veloso em um show no mesmo ano, o que levou à prisão dos dois, acusados de subversão. Ficaram semanas na cadeia até embarcarem para Londres, para onde iria também Hélio Oiticica.