MIRE E VEJA:
Automat (1927), Edward Hopper (1882-1967)
Hopper é o pintor da solidão e do isolamento das metrópoles contemporâneas. Uma estrada ao por do sol, sem carros nem gente. Um casal na mesma sala, sem se falar ou olhar, ele lendo o jornal, ela tamborilando no piano. Não há comunicação. Uma mansão tão vazia à beira da estrada que passa um sentimento de abandono. E aqui temos mais um exemplo desta temática.
O nome do quadro é Automat, como são chamadas lanchonetes em que há máquinas automáticas para vender bebidas e comidas. Sem dúvida o nome está no campo semântico de automático, algo que é realizado de forma repetida, sem emoção humana. À esquerda, temos um aquecedor lembrando frio, o que se confirma pela vestimenta da mulher sentada à mesa. Sozinha, em frente a uma cadeira que não sabemos se já esteve ou se estará ocupada por alguém que talvez nunca virá. Por debaixo da mesa, vemos suas pernas, encostadas, talvez para produzir algum consolo diante da solidão. Seu chapéu de um amarelo berrante, contrasta com a escuridão da noite que se divisa na janela atrás dela. Ela olha para o café como se fosse seu único amigo, sua única esperança de calor. Não há o menor vestígio de outra presença humana. Ensimesmada em seus pensamentos, talvez distraída ou confusa, ela veste apenas a luva da mão esquerda. Sua boca pintada de um vermelho provocante contrasta com um colo chapado, sem a menor sensualidade, sem vida.