ESTUDOS PROUSTIANOS – “As características estimulantes e instáveis do homem se comunicam ao próprio leitor”
“Basta pensar na cadeia infinita dos soit que, descrevendo uma ação, exaustiva e angustiosamente, à luz dos incontáveis motivos que poderiam tê-la determinado. E, no entanto, nessa fuga paratáxica [parataxia seg. Houaiss: inadaptação emocional, esp. no campo social], vem à tona um ponto em que se condensam numa só coisa a fraqueza de Proust e o seu gênio: a renúncia intelectual, o ceticismo experiente que ele opunha às coisas. Ele veio depois das arrogantes interioridades românticas, e estava decidido, como disse Jacques Rivière, a negar sua fé às sirènes intérieures. Proust aborda a vida sem o menor interesse metafísico, sem a menor tendência construtivista, sem a menor inclinação consoladora.‘”
Walter Benjamin, “A imagem de Proust” In: Obras escolhidas – volume 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987. 3. ed. pp. 43-44.