/MIRE E VEJA – MURAL (1943-4), Jackson Pollock (1912-1956)

MIRE E VEJA – MURAL (1943-4), Jackson Pollock (1912-1956)

MIRE E VEJA

MURAL (1943-4), Jackson Pollock (1912-1956)

Óleo sobre tela, 605 x 247 cm (University of Iowa Museum of Art)

A tela abaixo é considerada por alguns críticos como o ponto de virada da arte moderna. Foi pintada por Jackson Pollock, até então um pintor pouco conhecido. Fora encomendada Peggy Gugenheim, uma milionária colecionadora de arte que precisava da obra como parte de uma festa que iria oferecer. Seis meses se passaram e Pollock não conseguiu pintar nada até a véspera. Vara a noite pintando com furor até entregar essa tela gigantesca de seis metros de comprimento por quase dois e meio de altura. A pressão fez com que Pollock arriscasse pintar algo totalmente diferente de tudo que havia feito até então e que dá início a um movimento que depois será chamado de expressionismo abstrato.

O próprio Pollock descreveu a tela como: “o estouro de todos os animais do oeste norte-americano, vacas, cavalos, antílopes e búfalos. Tudo está arremetendo através daquela maldita superfície.” Will Gompertz, no ótimo “Isso é Arte?” faz um comentário esclarecedor:

“Sua arte era feita com uma força vulcânica, institiva, que brotava das profundezas do seu ser e explodia num acesso de pintura sobre a tela. O resultado é uma obra como ‘Mural’. Ela é ao mesmo tempo abstrata e expressiva. (…) Imagine o efeito obtido se cem ovos crus fossem jogados contra uma parede de concreto cheia de grafites e você estará perto de visualizar o Mural de Pollock. Há, no entanto, um surpreendente senso de coerência e ritmo na obra graças à velocidade com que foi feita e à abordagem instintiva de Pollock à pintura. As manchas integradas de branco e amarelho são divididas como compassos em uma partitura pela repetição das onduladas linhas pretas verticais, ao passo que a paleta de cores uniformemente espalhada confere equilíbrio e harmonia à composição. Ela não é anárquica, é improvisada: uma sessão de free jazz que varou a noite e saiu um pouquinho do controle.”

Pollock, sempre às voltas com a depressão e a bebida, sem dúvida concordaria quanto à ideia de uma força que brotava das profundezas do seu ser. Tendo feito análise junguiana, passou a estar atento à dimensão inconsciente, tão importante para pensar sua obra. Ele mesmo disse:

“Eu sou particularmente impressionado pelo conceito de inconsciente como fonte da arte. Esta idéia me interessa mais do que os próprios pintores”