/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR – Capítulo 10: A PEDRA

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR – Capítulo 10: A PEDRA

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Capítulo 10: A PEDRA

Ela demorou dois dias para responder. Deu apenas o endereço. Era um sítio na paradisíaca estrada Friburgo-Teresópolis, em cada curva uma beleza. A paisagem o acalmou um pouco. Além de temer as possíveis revelações da amiga de Flora, Pedro morria de medo na garupa da Harley-Davidson. O Bola só gostava de andar rápido. Quem quisesse andar devagar que comprasse um velocípede, não uma Harley. De brincadeira, tinha providenciado um capacete branco com um coração bem vermelho para o seu carona. Sempre tinha chamado Pedro de “o último romântico”.

Enquanto o vento roçava em seu rosto, Pedro repassava a vida antes e depois de Flora. Ansiava e temia pela conversa com Manuela. Saíram da estrada e entraram em uma estradinha de terra castigada pela chuva. Feito o caminho acidentado que Pedro tinha percorrido até ali. Manuela estava sentada em uma varanda sombreada, lendo um livro. Caminhou até o portão. Era uma pessoa que abraça com o olhar. Mas o seu sorriso não era feito de alegria e sim de compaixão. Não teve dificuldade em identificar Pedro. Mauricio e ela se apresentaram.

Convidou-os a se sentarem na varanda de madeira cercada de verde. No canto, uma rede onde Pedro imaginou Flora deitada. Manuela apontou para um lago com árvores em volta. Estavam floridas em amarelo ou roxo, a cor preferida de Flora. Tinha uma grande pedra no meio do lago:

— Flora gostava de nadar nua. Dava braçadas, circundava a pedra, mas nunca subia.

Antes que ele a bombardeasse com perguntas, Manuela explicou:

— Sei porque vocês vieram aqui. Também não sei onde ela está, nem o que pretende com isso. Flora me pediu que te contasse tudo que sei sobre a vida dela, que deixasse de lado o segredo da relação analista-paciente. Mas você verá que sei muito pouco. A primeira coisa que posso te dizer é o que repetia todas as semanas: você é o amor da vida dela.

— Então, por que…

— Pedro, sou psicanalista há mais de vinte anos. A minha noção de humanidade é muito mais alargada do que eu poderia imaginar quando comecei. Todas as minhas certezas desapareceram. O que posso é te contar o que sei, ou melhor, o que ela me disse.

E começou…