/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA— DE AMOR? – Capítulo 22: DIA QUE ESCURECE

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA— DE AMOR? – Capítulo 22: DIA QUE ESCURECE

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA— DE AMOR?

Capítulo 22: DIA QUE ESCURECE

O doutor Cardoso continuou seu relato, a voz se tornando mais sombria feito um dia que escurece de repente. Bola estava nervoso, seu estômago começava a embrulhar. Pedro se sentia em um filme passado em câmera lenta, a boca do doutor se mexendo lentamente, como se alguém estivesse lendo o seu destino.

— Entendam, eu não conhecia aquela moça. De repente, ela me aparece no consultório por recomendação de uma amiga, Edna, minha paciente desde os treze anos. Flora estava claramente destroçada, embora tenha demonstrado uma firmeza incomum.

— O que ela queria, doutor? Pedro teve que perguntar.

— Calma, meu jovem, vou contar toda a história.

— Ela me disse quem era. Segurando as lágrimas com valentia, relatou o episódio do passeio a cavalo. Ela foi estuprada naquela tarde. Não me disse por quem. Seria uma violência eu perguntar. Deixei que ela se acalmasse. Pensei talvez que ela quisesse fazer um exame ginecológico, afinal eu era obstetra e médico da sua amiga.

— Era isso? Perguntou Pedro cada vez mais ansioso.

— Não. Por uma enorme infelicidade ela ficou grávida de quem a atacou e violentou. E ela quase se descontrolou ao explicar que não podia, de forma alguma, ter aquele filho. Bastava olhar nos olhos dela para perceber o que representava para Flora.

— E o senhor? Bola ousou indagar.

— Dediquei a minha vida a ajudar mães a trazerem seus filhos ao mundo com segurança e alegria. Perdi a conta de quantos afilhados e afilhadas eu tenho. Existem profissionais do aborto, clínicas clandestinas especializadas nisso. Mas enviar aquela jovem a um desses lugares… Não tive coragem de fazer isso. Ela tinha me procurado, depositado sua confiança em mim. Tive que fazer o que ela me pediu. E ainda não foi o pior.

— Como assim? Quase explodiu Pedro.

— Houve complicações, aconteceu algo impossível, é raríssimo.

— Diga, doutor, pelo amor de Deus…

— O útero dela foi perfurado…

— O que isso significa? Disse Pedro mal se contendo.

— Uma tragédia. Aquela linda jovem de dezessete anos jamais poderia ser mãe. Poderia fazer da vida o que quisesse, mas nunca seria capaz de ter filhos. Foi isso que ela pediu que contasse a você, Pedro.