/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 6: SEGREDOS

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 6: SEGREDOS

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Capítulo 6: SEGREDOS

— Caramba, Bola, você estava certo, ela quer me contar sete segredos.

— Pedrão, você tem que andar com esse celular o tempo todo. Me empresta aqui, vou preparar o bicho: qualquer mensagem do número dela vai vibrar no teu bolso e até tocar uma música. Tem alguma preferência?

Your song, na versão do Billy Paul.

— Vai ser romântico assim…

— Pô, cara, você que perguntou. Mas, Bola, que segredos são esses? O que você acha?

— Fica pensando nisso se quiser enlouquecer. Ela vai te dar as dicas, pode deixar, o objetivo dela está claro. Agora, segura firme. Não é só o futebol que é uma caixinha de surpresas.

Pedro decidiu ir ao trabalho de Flora. Ela trabalhava em uma ONG verde. A pesquisa da qual participava como bióloga buscava medir a redução da fauna do Cerrado mineiro na última década. Ela começou a trabalhar naquele projeto quando ainda era recém-formada. Era preciso ver a paixão nos olhos e na voz quando começava a falar no Cerrado como um ecossistema de dez milhões de anos, a savana mais biodiversa do mundo, com mais de trezentas mil espécies animais. Ele devia ter ouvido aquele discurso, com pequenas variações, dúzias de vezes. Adorava ver ela tomada de amor a falar de espécies ameaçadas como a arara-azul e o tamanduá-bandeira.

Foi bem recebido no escritório, já o conheciam das festas de fim de ano. Falou com Jimmy, o coordenador, um canadense. Este informou que ela tinha pedido uma licença por tempo indeterminado, sem dizer o motivo. A solicitação fora feita com antecedência, seis meses antes. Jimmy acrescentou que ficara muito surpreso, Flora trabalhava de forma incansável, ninguém conhecia o Cerrado mineiro tão bem. Pedro sabia bem disso. Morria de saudades quando ela pegava o carrinho velho, um Ford Ka vermelho, e passava um mês viajando pelo sertão de Minas. Mas não deixava de mandar fotos de rios, cachoeiras, animais e plantas. A conversa com Jimmy adicionara mais uma peça ao quebra-cabeças. Flora não partira de repente, em um impulso. Pensara e planejara tudo.

Não havia outro jeito? Por que ela não contara o que estava acontecendo? A cabeça rodopiava. Uma voz ressoava sem parar: Flora, Flora…