ESPARTA – AS PUNIÇÕES PARA OS COVARDES

“[Lycurgus] tornou claro que a recompensa para o corajoso seria a felicidade, para o covarde a humilhação. Em outras cidades o covarde nada sofre além do estigma da covardia – ele vai ao mesmo mercado que o homem corajoso, senta ao lado deste e frequenta o mesmo ginásio caso assim o queira. Em Esparta, qualquer um acharia vergonhoso convidar um covarde para a sua mesa ou enfrentá-lo num concurso de luta. Quando as equipes são selecionadas para as competições (sphairai), tal homem geralmente não é escolhido e no coro ele é relegado à mais infamante posição; ele deve dar passagem a outros na rua e levantar-se mesmo para os mais jovens quando sentado. Ele deve manter as mulheres solteiras da sua família em casa e dizer a elas o porque delas não estarem casadas; ele deve tomar conta da casa sem esposa e ainda pagar a multa pelo celibato. Ele não deve passear com alegria pela cidade, nem deve tampouco imitar aqueles que são corruptos; caso o faça, deve submeter-se ao espancamento por parte dos melhores do que ele. Quando tantos inconvenientes decorrem da covardia, eu não me surpreendo com o fato de que os espartanos preferem a morte a uma existência tão vergonhosa e cheia de privações.”

XENOFONTE, Politeia dos espartanos, IX, 1-6.