/GRÉCIA – Os beneficiários do Império Ateniense

GRÉCIA – Os beneficiários do Império Ateniense

OS BENEFICIÁRIOS DO IMPÉRIO ATENIENSE [século V a.C.]

“Também foi ele [Aristides] quem fixou para os estados aliados os primeiros tributos, dois anos depois da Batalha de Salamina [480-2= 478 a.C.], sob o arcontado de Thimóstenes, e presta juramento frente aos jônios de só ter ‘os mesmos amigos e inimigos que eles’, para o que lançaram dois blocos de ferro ao mar (1).

Depois, como o Estado havia reunido mais audácia e muito dinheiro, Aristides aconselha os atenienses a conquistarem a hegemonia, saindo do campo para vir habitar a cidade; eles teriam o necessário à existência, uns participando de expedições, outros ocupando-se dos assuntos do Estado, assim conservando a hegemonia. Os atenienses se deixam persuadir, tomam em suas mãos o império e passam a agir mais despoticamente frente a seus aliados, salvo os habitantes de Quios, Lesbos e Samos, que eles tinham por guardiões do seu império e aos quais eles permitem ter constituição própria e governo das suas possessões (2). E eles proporcionam à multidão o meio de viver facilmente, como havia dito Aristides; pois os tributos, as taxas e os aliados sustentavam mais de vinte mil homens (3). Com efeito, havia seis mil juízes, seiscentos arqueiros; mais de mil e duzentos cavaleiros, quinhentos membros do Conselho, quinhentos guardas dos arsenais; outros cinquenta da Acrópole, cerca de setecentos funcionários em Atenas, cerca de setecentos no exterior. Ademais, em tempo de guerra, dois mil e quinhentos hoplitas, vinte navios a patrulhar a costa, e outros navios portando os tributos com dois mil homens sorteados; mais os hóspedes do Pritaneu, os órfãos e os guardiões das prisões. Com efeito, toda essa gente era alimentada pelo Estado.”

ARISTÓTELES, Constituição dos atenienses, XXIII-XXIV

OBS:

(1) Tal gesto significava a fidelidade eterna ao juramento prestado.

(2) Depois da revolta de 440, Atenas envia clerucos para Samos.

(3) Aristóteles talvez esteja descrevendo antecipadamente a situação na véspera da Guerra do Peloponeso e não a do início da Liga de Delos.