OS HOMENS NOBRES (ARISTOI)
Indagado sobre sua identidade, o astucioso Odysseus (Ulisses) irá dizer-se homem de nascimento nobre, originário de Creta, caído então em desgraça mas, que já fora dos melhores:
“Ares e Atena coragem me deram, bem como a violência
de hostes romper. Onde quer que escolhesse guerreiro de nome
para os postar em cilada e aos inimigos levar a ruína,
nunca meu peito valente abrigou o pensamento da morte,
mas era sempre o primeiro a avançar para a luta, atingindo
com minha lança o adversário de pés mais do que os meus morosos.
Fui assim, pois, nos combates. Às lides do campo era infenso
e aos afazeres da casa, onde ilustres filhos se criam,
sim muito mais inclinado às galeras providas de remos,
guerras, e pugnas, e dardos bem feitos, assim como as flechas,
coisas de luto elas todas, que aos outros tristezas propinam,
mas para mim dão prazer, que um presente do deus é esse gosto
pois em variados trabalhos os homens encontram deleite.
Inda antes de irem os filhos dos homens aqueus para Tróia,
já nove vezes chefiara guerreiros e céleres naves
contra outros povos, de longe, fazendo abundante colheita,
Ricos presentes do espólio sabia escolher, outras peças
sempre depois me tocavam, trazendo-me ao lar a abundância,
e cada vez mais temido e acatado entre os homens de Creta.”
Odisséia, XIV, 216-234.