/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 14: TEMPLO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 14: TEMPLO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR

Capítulo 14: TEMPLO

Depois da ida a Teresópolis, Mauricio e Pedro ficaram um tempo sem se verem. Bola precisou passar uns dias em Cachoeiras de Macacu. Estava elaborando um projeto de casas populares e foi até lá conversar com os futuros moradores. Gostava de fazer um trabalho de campo para conhecer as pessoas, suas vidas e desejos antes de partir para a prancheta, ou melhor, para o computador. Para ele a arquitetura era uma arte e como tal lidava com o humano. Nesse período, conversava por zap com Pedro, aproveitando que agora o amigo tinha, mesmo contra a vontade, um celular. Pedro dava respostas lacônicas com uma voz carregada de melancolia. Dizia apenas que sim, continuava trabalhando, dando aula e mais nada. Bola ficou preocupado.

Por isso, veio direto para a casa do amigo. Quando Pedro abriu a porta, Bola ficou paralisado diante do que viu. Há um restaurante em Florianópolis conhecido pelos frutos do mar e pela prática dos clientes pendurarem papeizinhos nas paredes, contando da experiência gastronômica, fazendo comentários engraçados e muitas, muitas declarações de amor. Pois declaração de amor pendurada na parede era o que não faltava no apartamento de Pedro. Ele mandara fazer dezenas de fotos digitais que tinha de Flora espalhadas pela sala, pelo quarto, cozinha e até no banheiro. Flora rindo com a boca lambuzada de iogurte no café. Flora compenetrada, escrevendo seus relatórios. Flora sorrindo para ele no Café Secreto. Flora no sofá, vestida só com uma camisa dele de camisola, olhando marota … Na mesa de jantar, um vaso com uma orquídea roxa. Além disso, havia bilhetes para ela em toda a parte, perguntando onde estava, o que estava acontecendo com ela, lembrando momentos dos dois. Terminavam assim: “Eu sou louco por você, Flora. A cada segundo te amo mais.” Valia por uma oração pagã.

Quando parou de admirar o templo do amor por Flora, Mauricio se virou para o seu amigo. Pedro tinha o rosto banhado. Tremia. Um homem daquele tamanho soluçando não é coisa bonita de se ver.

— Bola, estou rasgado de saudade. Preciso ver a Flora.

— Segura firme, Pedrão, amanhã é dia onze.