/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 21: AGOSTO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 21: AGOSTO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Capítulo 21: AGOSTO

Enquanto a moto de Bola tentava quebrar o recorde mundial do percurso Itaipa-Petrópolis, Pedro era atravessado por dois pensamentos opostos. Para rever Flora só havia aquele caminho: saber esperar pelo dia onze, buscar as revelações, esperar novamente. O encontro com Manuela no mês anterior, todavia, pela primeira vez pôs em dúvida a Flora que ele conhecia, lançou uma nova luz sobre ela. Agora temia o que o doutor Cardoso pudesse contar. Mesmo que a ocultação e a mentira fossem fruto de um trauma com o qual ela ainda não conseguia lidar, de qualquer forma ele se sentia confuso e triste. Pensara que entre eles a ligação era absoluta, sem espaço para segredos e mistérios. Mas isso não diminuíra sua paixão por ela, até pelo contrário, o amor também se alimenta de sacrifícios e decepções e tudo que ele queria era ajudá-la. E apertá-la em seus braços.

Rua tranquila, sem saída, no Bingen, um bairro a dez minutos do centro e perto da nova rodoviária. A casa amarela com um pequeno quintal na frente era antiga, mas bem cuidada. Tocaram a campainha. Veio atender um senhor magro, baixo, cabelos brancos à altura do ombro, feito um velho hippie. Tinha no rosto o sorriso de quem já estava esperando alguma coisa. Deu bom dia e pediu que entrassem. Foram até o seu escritório, com prateleiras transbordando de livros. Uma delas só tinha livros de Medicina, mas as outras duas eram preenchidas por literatura da melhor qualidade.

— Você deve ser o Pedro, ela me avisou que você viria. Prazer, eu sou o doutor Luiz Cardoso.

— O senhor sabe que ela está desaparecida? Perguntou Pedro com uma voz elétrica.

— Não tinha a menor ideia, isso é muito grave. Espero poder ajudar. Eu não via Flora há vinte anos, fiquei totalmente surpreso quando ela me procurou. A conheci quando ela era uma moça de dezessete anos, apavorada, sem saber o que fazer. Quatro meses atrás ela apareceu aqui, do nada, agora uma linda mulher, segura, equilibrada.

— O que ela queria doutor? Pedro não segurou a ansiedade.

— Ela me avisou que você viria. Quando o fizesse, eu deveria lhe contar o que aconteceu com ela naquele mês de agosto.