/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 9: MANUELA

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? – Capítulo 9: MANUELA

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Capítulo 9: MANUELA

No retângulo de metal estava o primeiro dos segredos, um nome de mulher: Manuela. Demorou alguns segundos até lembrar. Sabia quem era, mas não a conhecia, parecia que Flora guardava a amiga como um tesouro que não queria compartilhar. Manuela estava na casa dos cinquenta anos e havia sido psicanalista de Flora. Depois, acabaram ficando amigas. Era só o que ele sabia. Ela morava em Teresópolis, em um lugar lindo. De tempos em tempos, Flora subia a serra para conversar com ela. Pedro desistira de se convidar, a resposta era sempre a mesma:

— Amorzinho, tem coisas que só consigo falar com a Manuela.

Que coisas eram essas, ele se perguntava. Agora estava no caminho de descobrir, para o bem ou para o mal. Ligou para o Bola. Não sabia como o Bola conseguira vir tão rápido. Ou melhor, sabia: o amigo tinha uma poderosa Harley-Davidson azul e branca, metal niquelado, um animal selvagem em duas rodas. Pedro perdera a conta de quantas vezes fora visitar Mauricio no hospital: braço esquerdo, costelas, tornozelo direito, a lista de contusões parecia o departamento médico do Botafogo. Era arquiteto e Pedro alertava que poderia quebrar a mão e nunca mais desenhar. Bola respondia que agora era tudo por computador. Assim que saía, lá estava ele com seu indefectível capacete azul com o símbolo hippie do Paz e Amor em branco. O cara era apaixonado pela década de 60, sobretudo por Bob Dylan. Tinha recomendado a Pedro que escutasse Blood on the tracks. Segundo ele ninguém curtira uma fossa com tanta poesia quanto o bardo de nariz adunco. Pedro não conseguiu depois de ouvir If you see her, say hello, a história de um cara que é abandonado e não sabe onde ela está. As lágrimas aqueceram sua face. Eram salgadas.

Mas hoje era um novo dia. Ele não conseguia pensar. Não tinha endereço, telefone, e-mail, nem ao mesmo sabia o sobrenome da tal Manuela. Bola se abriu em um sorriso.

— Pedro, abre o computador. Vamos entrar no Face da Flora e procurar uma amiga chamada Manuela.

Havia três. Apenas uma morava em Teresópolis. Uma mulher com um sorriso bom de bochechas redondas.

— E agora?

— Agora é mandar uma mensagem para ela e esperar.