/OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 37: A CABANA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 37: A CABANA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA

Capítulo 37: A CABANA

— Como vocês a encontraram?

— Havia apenas uma pessoa na comunidade em quem eu confiava além de Flora. Carlos era mais velho, tinha uns trinta e poucos anos, era um sujeito calmo, calado mas com olhos bons. Percebi que era crítico da forma de agir de Saulo e me aproximei dele, que também tinha achado a história sobre Flora muito mal contada. Bolamos um plano de ação. A primeira coisa foi checar se ela estava de fato na única clínica da cidadezinha que ficava perto dali. Não podíamos confiar na informação oficial…

— Por que?

— O pai de Saulo era rico e influente, presidente de uma grande multinacional. Tinha contatos com pessoas-chave, como o delegado, por isso ninguém incomodava o Amanhecer. Era possível que Saulo pressionasse ou até mesmo oferecesse dinheiro ao dono da clínica para ele se calar.

— E como vocês tiraram a dúvida?

— O Carlos tinha tido um problema médico meses antes e ficara amigo de uma doutora que trabalhava lá, tinham um namorico. Ela confirmou nossas suspeitas: Flora nunca havia sido levada para a clínica.

— O que vocês fizeram?

— Não tínhamos ideia do que fazer. Carlos e eu começamos pelo óbvio: se Saulo visitava Flora e ia de carro, o automóvel tinha que marcar a quilometragem do percurso de ida e volta. O Amanhecer era um lugar tão tranquilo que ele não trancava o carro. Um dia, anotamos o número do marcador e ficamos de olho para ver quando ele saía. Ao retornar, vimos com surpresa que havia uma diferença de apenas cinco quilômetros.

— Então a Flora estava muito perto?

— Sim, a cidadezinha ficava a dezoito quilômetros. Era possível até que estivesse dentro do Amanhecer, o terreno do sítio era imenso, ia até a montanha, como já disse.

— Qual foi o próximo passo?

— Carlos, há mais tempo na comunidade, tinha ouvido boatos acerca sobre uma cabana na mata fechada. O dia a dia era cansativo, o trabalho no campo é pesado, não havia tempo para passeios. O domingo era livre mas todos preferiam descansar. Por isso eu e Carlos arranjamos uma desculpa para andar pela mata aos domingos em busca da cabana. Carlos disse que iria fotografar pássaros. E que depois as fotos poderiam ser colocadas no site do Amanhecer.