/FONTES PARA A SALA DE AULA # 023 – A ofensiva contra em 1954

FONTES PARA A SALA DE AULA # 023 – A ofensiva contra em 1954

FONTES PARA A SALA DE AULA # 023

A OFENSIVA CONTRA GETÚLIO em 1954

Natureza e data do texto:

Após o malfadado atentado contra Lacerda na Rua Toneleros, que acaba vitimando o Major Vaz, a oposição se insurge contra o presidente Getúlio Vargas com uma fúria inaudita, como se pode ver nestes recortes de jornais da época, em discursos no Congresso e até num manifesto de generais. A crise, como se sabe, irá terminar somente com o suicídio de Getúlio em agosto de 1954.

Editorial de Lacerda na Tribuna da Imprensa

“Sai do poder, Getúlio Vargas, se queres ainda merecer algum respeito como criatura humana, já que perdeste o direito de ser acatado como chefe do governo…”
(MENDES Jr., Brasil História – volume 4, p.256)

Discurso do líder udenista Afonso Arinos na Câmara, 1º/8/1954:

“Eu falo a Getúlio Vargas como presidente e como homem (…) tenha a coragem de perceber que o seu governo é hoje um estuário de lama e de sangue; observe que os porões de seu palácio chegararam a ser um vasculhadouro da sociedade (…) E eu lhe solicito, homem, em nome do mais alto no coração do meu povo: tenha a coragem de ser um desses homens não permanecendo no governo, se não for digno de exercê-lo”

Tribuna da Imprensa, 2/8/54, primeira página, em letras garrafais:

“SOMOS UM POVO HONRADO GOVERNADO POR LADRÕES”
(FERREIRA,1994:65)

Tribuna da Imprensa, 5/8/54

prega a derrubada de um “governo imoral, ilegal, do banditismo e da loucura” (BENEVIDES,1981:89)

Tribuna da Imprensa, 5/8/54, na página 3 (João Duarte Filho):

“Sobretudo é preciso alijar Getúlio. Em 1º lugar é preciso alijar Getúlio. Erradicá-lo, extirpá-lo da vida pública nacional, como se faz, pela cirurgia, com as infecções e os cancros. Ele pesteia, deteriora tudo em que toca. Ele é o fim (…). Ele é um viciado do crime político. Só como criminoso sabe agir. Realista, materialista como os animais e como os primários, (…) tudo se acaba em torno dele. Caem as forças morais, decai o espírito público, deturpa-se o patriotismo, transmudam-se os valores (…). Contemporizando com os ladrões públicos, deixando-os impunes à sua sombra, ele investe, pelo exemplo, contra a moral brasileira, do homem brasileiro que sempre preferiu passar fome a tocar no dinheiro alheio. O exemplo de Getúlio é contra este tradicional padrão de honestidade. (…). Getúlio é o fim. Mas o Brasil não quer parar, não quer chegar ao fim. É preciso, portanto, erradicar Getúlio.”
(FERREIRA,1994:66-67)

Tribuna da Imprensa em 6 de agosto de 1954, 1ª página:

– falava-se que Getúlio, aos 13 anos, teria baleado mortalmente, com ajuda de seus dois irmãos, a um desafeto na escola; instinto assassino dele e da família
(FERREIRA,1994:65)

Tribuna da Imprensa, 9/8/54

“Getúlio Vargas não é mais o chefe legítimo do governo. É o espectro dos seus crimes que paira sobre a nação… no seu sibaritismo silencioso, é hoje uma promessa de maldição sobre o rosto puro e aflito do povo brasileiro” (idem, ibidem)

Na Câmara, o chefe do Partido Libertador (aliado da UDN), Raul Pilla:

“trata-se, evidentemente, de um caso de salvação pública. É a própria autoridade do Estado que está se dissolvendo (…) o que se imporia era a suspensão pura e simples do sr. Getúlio Vargas” (idem, ibidem)

Discurso de Herbert Levy, da UDN durante o processo de impeachment encaminhado pela UDN (fragorosamente derrotado):

“razões políticas evidentes estão a assinalar a periculosidade do sr. Getúlio Vargas, vis a vis as instituições democráticas”
(BENEVIDES,1981:88)

Manifesto dos generais, no qual julgam (idem, ibidem)

“como melhor caminho para tranquilizar o povo e manter unidas as Forças Armadas, a renúncia do presidente”

Herbert Levy, na Câmara Dep., Correio da Manhã, 11/8/ 54, 1ª página:

“O sr. Getúlio Vargas passou a ser para os brasileiros o símbolo do que pode haver de pior em matéria de caudilhismo; o corruptor por excelência, o ambicioso do poder a qualquer preço, o acolitador dos desonestos, dos violentos, dos deformados moralmente.”
(FERREIRA,1994:65)

O Dia, 24/8/54, em letras garrafais, na primeira página:

“PUS e LAMA escorrem sobre a nação estarrecida.”
(FERREIRA,1994:75)