/HISTÓRIAS DO SAMBA – 31. CAIXINHA DE FÓSFOROS

HISTÓRIAS DO SAMBA – 31. CAIXINHA DE FÓSFOROS

  1. Caixinha de fósforos

De todos os instrumentos utilizados no samba, não há nenhum mais prosaico, nem mais minimalista do que a caixinha de fósforos. É uma tradição que parece ter caído em desuso, mas antigamente sambista e compositor que se prezava sabia acompanhar o samba na caixa de fósforos marcando o ritmo com precisão milimétrica. Muitos compositores só tocavam caixinha de fósforos, não sabiam nada de música ou eram capazes de tocar qualquer instrumento, como Wilson Batista, o que não lhe impediu de criar obras geniais. Havia até os virtuoses do gênero, como Ciro Monteiro.

Uma das possíveis origens para o surgimento desta tradição é no mínimo curiosa. A caixinha de fósforo teria sido utilizada pela primeira vez como instrumento no Mangue, a lendária zona de prostituição localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Ali, cada profissional do sexo tinha um cafifa, misto de guarda-costas e namorado, encarregado de cobrar a taxa aos fregueses. Enquanto esperavam, iam batendo na caixa de fósforos e cantando uns sambinhas pra distrair. A caixa de fósforos também tinha outra utilidade: a cada freguês que saía, o cafifa, para contabilizar a féria do dia, que muitas vezes iria toda para suas mãos, virava um fósforo ao contrário na caixa.