/HISTÓRIAS DO SAMBA – 76. Padeirinho

HISTÓRIAS DO SAMBA – 76. Padeirinho

  1. Padeirinho

Em toda a Via Láctea, provavelmente não há ninguém que entenda mais de samba do que esse tal de Nei Lopes. Na teoria e na prática. Por isso, quando ele diz que Padeirinho da Mangueira foi um dos maiores mestres do partido-alto nós mortais temos que prestar atenção.

Era partideiro rebuscado, capaz de versar de forma elaborada, cheia de síncopa, segundo Nei por herança do pai calangueiro. Mas improvisava com tempero carioca:

Certo alguém botou muamba

Na roda de samba

Pra mim não entrar

Mas apesar do feitiço

Me deram o serviço

Bem na hora agá

E assumia plenamente, mas sem deixar a ironia de lado, a sua condição de malandro:

Desço de madrugada

Enganando a moçada

Que vou trabalhar

Mas, porém, quando a fábrica apita

Pego na marmita

E vou me alimentar

Para fechar, não podia faltar um toque de bom humor:

Calma, pessoal,

Não é nada não

É a minha gambá

Que está na janela

Daquele edifício

Fazendo exercício

Pra não engordar