- Zé-com-Fome
Zé-com-Fome ganhou esse apelido porque costumava sair das festas da Mangueira com o interior do violão cheio de doces e salgados. Ele também é conhecido pelo nome de Zé-da-Zilda, sua inseparável companheira e com quem formava um dos casais mais conhecidos do mundo do samba. É considerado um dos criadores do samba de breque, aquele com paradinhas para falas rápidas, espécie de pílula de hiphop no meio do samba se me permitem a imagem.
Ele fez marchinhas de carnaval vitoriosas na década de 1950 e pelo menos dois sambas antológicos: “Aos pés da cruz”, com Marino Pinto (Aos pés da Santa Cruz/ você se ajoelhou/ e em nome de Jesus/ um grande amor você jurou) e o imprescindível “Só Pra Chatear” em que há uma divertida espécie de vingança amorosa, em que o apaixonado oscila entre a raiva e a paixão:
Eu mandei fazer um terno
Só pra chatear
Com uma gola amarela
Só pra chatear
Mandei gravar na lapela
Só pra chatear
Um nome que não era o dela
Comprei um par de sapato branco
Pois sei que ela só gosta de marrom
Só pra chatear, só pra chatear
Cada pé de sapato tem um tom
Comprei, pra chatear, um barracão lá na favela
Mas fui morar na Lapa perto
Só pra chatear
Quando Zé-da-Zilda é levado por um derrame, a Zilda-do-Zé, como era conhecida, faz um belo samba de despedida em que pede para ir também:
Vai, vai amor
Vai que depois eu vou
Sei que vais pra longe
Não poderei esquecer
Já implorei ao Senhor
Não me deixe neste mundo a sofrer