/HISTÓRIAS DO SAMBA – 78. Zé-com-Fome

HISTÓRIAS DO SAMBA – 78. Zé-com-Fome

  1. Zé-com-Fome

 

Zé-com-Fome ganhou esse apelido porque costumava sair das festas da Mangueira com o interior do violão cheio de doces e salgados. Ele também é conhecido pelo nome de Zé-da-Zilda, sua inseparável companheira e com quem formava um dos casais mais conhecidos do mundo do samba. É considerado um dos criadores do samba de breque, aquele com paradinhas para falas rápidas, espécie de pílula de hiphop no meio do samba se me permitem a imagem.

Ele fez marchinhas de carnaval vitoriosas na década de 1950 e pelo menos dois sambas antológicos: “Aos pés da cruz”, com Marino Pinto (Aos pés da Santa Cruz/ você se ajoelhou/ e em nome de Jesus/ um grande amor você jurou) e o imprescindível “Só Pra Chatear” em que há uma divertida espécie de vingança amorosa, em que o apaixonado oscila entre a raiva e a paixão:

 

Eu mandei fazer um terno

Só pra chatear

Com uma gola amarela

Só pra chatear

 

Mandei gravar na lapela

Só pra chatear

Um nome que não era o dela

 

Comprei um par de sapato branco

Pois sei que ela só gosta de marrom

Só pra chatear, só pra chatear

Cada pé de sapato tem um tom

 

Comprei, pra chatear, um barracão lá na favela

Mas fui morar na Lapa perto

Só pra chatear

 

Quando Zé-da-Zilda é levado por um derrame, a Zilda-do-Zé, como era conhecida, faz um belo samba de despedida em que pede para ir também:

 

Vai, vai amor

Vai que depois eu vou

Sei que vais pra longe

Não poderei esquecer

Já implorei ao Senhor

Não me deixe neste mundo a sofrer