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HISTÓRIAS DO SAMBA – 61. Deixa que eu vou

  1. Deixa que eu vou

Por falar na relação com os fãs, ela revela as maravilhosas ambiguidades de Zeca. Em meados da década de 80, Zeca estourou nas paradas com Coração em Desalinho, da dupla Monarco e Ratinho. O resultado foi uma seqüência absurda de shows em todo o país. Zeca e sua turma nem sempre agüentavam o tranco e às vezes o show não acontecia. O público começou a esperar para vê-los no palco antes de pagar a entrada.

Por outro lado, havia os espertalhões que anunciavam show com Zeca Pagodinho para depois colocar a culpa na falta de responsabilidade do Zeca, que de nada sabia. Ou então o show acontecia mas sem as mínimas condições, para prejuízo dos músicos e dos fãs. Certa vez, em Niterói, Zeca ficou tão revoltado que subiu no palco e avisou que ia embora sem dar o show. Mas em compensação jogou dinheiro pro alto pra delírio do público…

Ele se queixa do assédio excessivo, com muita gente querendo falar com ele ao mesmo tempo e até de que já se aproveitaram da confusão pra lhe bater a carteira. Apesar disso, Zeca sempre tratou muito bem os fãs, desde que eles também o respeitem. Por vezes ele explode, perde a paciência mas não perde o humor. Foi tão perturbado por um daqueles chatos de saguão de aeroporto que mandou:

– Vai pra puta que pariu. Ou melhor, não vai não. Fica aí. Deixa que eu vou.