/HISTÓRIAS DO SAMBA – 64. Xiita do samba

HISTÓRIAS DO SAMBA – 64. Xiita do samba

  1. Xiita do samba

Nei Lopes é um intelectual orgânico do samba. Não se conforma com a invasão de gêneros musicais estrangeiros como o rap. Para ele o coco de embolada é muito mais sofisticado. Acha a ironia de um samba “sacaneando o sistema, com graça”, muito mais eficaz do que a cara de mau dos rappers. Apesar disso, nega o rótulo de “xiita do samba”, alegando que seu ouvido sempre abrigou todo o tipo de boa música e de já ter sido parceiro de muita gente para além do mundo do samba.

Mais do que isso até. Ele é capaz de elogiar Leandro Sapucahy e seu samba “com uma pitada de hip-hop”. Na infância e adolescência gostava de jazz e de música afro-cubana.c Ou seja, além de samba ouvia boleros, mambos e chá-chá-chás. E mais, escreveria o próprio epitáfio da seguinte maneira:

“Aqui jazz Nei Lopes, poeta negro, artista do povo”

Xiita sim, ma non troppo.