/HISTÓRIAS DO SAMBA – 36. Alquimia do samba

HISTÓRIAS DO SAMBA – 36. Alquimia do samba

  1. Alquimia do samba

 

O samba é uma espécie de fórmula alquímica capaz de transformar sofrimento em alegria. Há sambas que incendeiam uma roda, põem todo mundo numa espécie de transe sambístico, de delírio coletivo, apesar ou talvez exatamente por causa da letra “pesada”. É o caso de “Meu sapato já furou”, composição de Mauro Duarte eternizada pela saudosa Clara Nunes:

 

“Meu sapato já furou

Minha roupa já rasgou

Eu não tenho onde morar

Onde morar

 

Meu dinheiro acabou

Já não sei pra onde vou

Como é que eu vou ficar

Que eu vou ficar

 

Já não sei nem mais sorrir

Meu amor me abandonou

Sem motivo e sem razão

 

E pra piorar minha situação

Eu fiz promessa

Pra São Luiz Durão

Meu sapato já furou…”

 

Pois o leitor ou leitora veja e comprove: quando essa música é tocada a roda de samba pega fogo, a alegria é geral. É verdade que ela aponta para a superação da tristeza nos seus últimos versos.

 

Quem me vê assim

Pode até pensar

Que eu cheguei ao fim

 

Mas quando a minha vida melhorar

Hei de zombar

De quem sorriu de mim

 

Meu sapato já furou…