/HISTÓRIAS DO SAMBA – 44. Sem coragem de contar

HISTÓRIAS DO SAMBA – 44. Sem coragem de contar

  1. Sem coragem de contar

 

Mário Lago era uma espécie de intelectual do mundo do samba. Compunha um grupo que se auto-intitulava a elite do Café Nice. Quando lhe perguntaram se conhecia Wilson Batista e ele respondeu que não se dava com marginais. Certa vez ele foi convidado para dar uma conferência sobre Noel Rosa numa cidade do interior. O humorista Max Nunes, em um programa, havia composto um samba no estilo de Noel. E convenceu Mário Lago de que aquela música era uma composição inédita do poeta da Vila.

Lá se foi Mário Lago todo feliz com aquela descoberta. Na palestra, citou o samba, analisou os versos, cantou, apontou as características do estilo de Noel nele presentes e por aí vai.

Quando voltou ao Rio, transbordando de contentamento, Mário Lago procurou Max para lhe agradecer: sua ajuda foi inestimável, o samba inédito foi a parte mais importante da minha palestra. Max Nunes ficou tão sem graça com a peça que pregara ao amigo que não teve nem coragem de contar a verdade.