“5. Luiz Grande
Luiz Grande, como o nome diz, é um homenzarrão. Mas tem um coração de moça, é um sujeito tranquilo, bonachão. Já tem muita quilometragem no mundo do samba, frequentou a Festa da Penha quando ela ainda era um grande encontro de bambas, jogou pernada, conheceu muitos sambistas famosos. Por alguns, Luiz Grande é considerado o herdeiro de Geraldo Pereira, o rei do samba sincopado, aquele que é cheio de balanço e de ginga.
Luiz Grande nunca ficou rico com o samba. Durante um bom tempo foi chofer de táxi. Bem nessa época o inesquecível João Nogueira grava uma música de Luiz Grande que vira um grande sucesso nacional: Maria Rita (“Por onde andará Maria Rita?/ Que andava gingando com laço de fita/ Por quem tenho grande admiração”). E Luiz Grande lá, dirigindo seu táxi.
Um dia ele pega um passageiro e de repente começa a tocar “Maria Rita”. Luiz Grande fica quieto, na dele. O passageiro pede pra aumentar e explica: “Eu adoro essa música”. Luiz Grande não fala nada. Depois diz aos amigos:
– Imagina se eu digo pro cara que eu era o autor da música, ele ia acreditar?”
Marcos Alvito. Histórias do samba: de João da Baiana a Zeca Pagodinho. São Paulo: Matrix, 2013.