9. Um é bom, dois é melhor ainda
O Barão do Rio Branco foi um dos políticos mais importantes do Brasil, tanto no Império quanto na República. Dizem que na juventude jogou capoeira, mas à frente da nossa diplomacia fechou o Itamarati a negros e mulatos. Por uma dessas ironias do destino, o Barão morreu dez dias antes do Carnaval de 1912. As autoridades acharam um absurdo deixar rolar os festejos de Momo diante de uma tal tragédia. Foi feita uma campanha pelos jornais, chamaram os chefes dos ranchos e cordões pra conversar e ficou combinado: o carnaval seria adiado até abril, na Páscoa.
Quando chegou o dia o povo ignorou as autoridades e saiu em massa para as ruas e festejando a valer. Em abril, conforme o combinado repetiu a dose com toda a alegria. O bis do carnaval foi o maior sucesso. E o povão ainda aproveitou para ironizar:
Iaiá meu bem
Vá pedir ao marechal
Para que haja
Um terceiro carnaval
Marcos Alvito. Histórias do samba: de João da Baiana a Zeca Pagodinho. São Paulo: Matrix, 2013.