MATERIAIS PARA A SALA DE AULA # 005: CRONOLOGIA da crise dos anos 20 até a “Revolução” de 30
1919 – Rui Barbosa, derrotado em 1910 e 1914, lança uma candidatura de protesto contra Epitácio Pessoa; mesmo sem máquina eleitoral, obtém c.1/3 votos e vence no DF;
1921 e 1923 – emissões maciças de moeda feitas por Epitácio Pessoa para realizar a 3ª valorização do café desvalorizam câmbio e geram inflação
1921 – O RS, liderado por Borges de Medeiros, vai contra a candidatura presidencial de Artur Bernardes, governador mineiro apoiado pelo eixo SP-MG; gaúchos denunciam o arranjo político SP-MG como uma forma de manter a política de valorização do café quando o país necessitava de finanças equilibradas; o RS recebe o apoio da BA, PE e Estado do RJ, formando a Reação Republicana e lançando Nilo Peçanha (Est. RJ) como candidato; a plataforma era: plano financeiro contra a inflação, conversibilidade da moeda e orçamento equilibrado; pediam proteção a todos os produtos brasileiros de exportação e não somente ao café;
out – o Correio da Manhã publica duas cartas (que em 1922 soube-se serem falsas) de Artur Bernardes criticando a posse de Hermes da Fonseca no Clube Militar, indispondo a classe militar contra Bernardes;
1922 – O Clube Militar – quando Bernardes já fora eleito mas ainda não tomara posse – protesta contra a utilização de tropas do Exército para intervir na política local de PE. O governo reage prendendo Hermes da Fonseca e fechando o Clube Militar (invocando a lei de 1921 contra associações nocivas ou contrárias à sociedade)
5 julho – revolta do Forte de Copacabana: jovens “tenentes” se revoltam para ‘salvar a honra do Exército’; rebeldes sofrem bombardeio e ficam cercados; no dia seguinte centenas de rebeldes se entregam, mas um grupo continua a resistir apesar do bombardeio por mar e ar. Dezessete militares (com a adesão de um civil) saem pela praia de Copacabana ao encontro das forças do governo. Apenas 2 rebeldes, feridos, sobrevivem (tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes);
1923 – No RS, a Aliança Libertadora (antigos federalistas + dissidentes republicanos), insatisfeita com a reeleição de Borges de Medeiros em meio a acusações de fraude eleitoral, inicia uma guerra civil que irá durar até dezembro;
1924 (2° 5 de julho) – Tentativa de derrubar Artur Bernardes. Em SP, alguns quartéis são tomados e há uma batalha pelo controle da capital. “Tenentes” tomam a capital depois de 4 dias e ficam até o dia 27 de julho; governo retalia com artilharia, matando também civis; no dia 27 os tenentes abandonam a cidade e vão para o interior, formando a “coluna paulista”; enquanto isso, no RS, estourara uma revolta tenentista em outubro de 1924, liderada pelo tenente João Alberto e pelo capitão Luís Carlos Prestes; a “coluna gaúcha” se desloca para o PR, para se reunir à “coluna paulista”;
nov – revolta do encouraçado São Paulo; depois de troca de tiros com as fortalezas da Baía de Guanabara, o navio vai para Montevidéu onde os rebelados se exilaram;
1925 (abril) – junção das colunas paulista e gaúcha, formando a coluna Miguel Costa (SP)- Luís Carlos Prestes (RS) (mais tarde conhecida como “Coluna Prestes”), com o objetivo de percorrer o Brasil para propagar a idéia de revolução e levantar a população contra as oligarquias; até fev/mar de 1927 (quando os remanescentes vão para Bolívia e Paraguai), a Coluna percorre 24 mil km pelo interior do país; nunca passaram de 1500 pessoas e evitam entrar em choque direto com as forças governamentais, deslocando-se rapidamente; o pretenso apoio da população rural não ocorreu e seu êxito militar era praticamente impossível; mas serviu como um símbolo para a população urbana insatisfeita;
1926 – Surge em SP o Partido Democrático, com um programa liberal: reforma política por meio do voto secreto e obrigatório, representação das minorias, independência dos três poderes, fiscalização eleitoral a cabo do Judiciário; seus quadros eram compostos por profissionais liberais de prestígio e jovens filhos de fazendeiros de café; o PD despertou entusiasmo em parcela significativa da classe média e reune 50 mil nomes em listas de apoio publicadas nos jornais; a despeito das fraudes, elege 3 deputados federais em 1927, mas apenas 2 deputados estaduais em 1928; em 1929, o PRP usa sua máquina política e o PD não consegue eleger nem mesmo um vereador;
1927 – Getúlio Vargas elege-se governador do Estado no RS e consegue um acordo entre o PRR (de Borges de Medeiros) e a Aliança Libertadora
1929 – A insistência de Washington Luís em apresentar a candidatura do paulista Júlio Prestes à sua reeleição, quebrando o acordo café-com-leite, leva os mineiros a entrarem em acordo com os gaúchos; forma-se a Aliança Liberal (com apoio também do PD) que tem como candidatos Getúlio Vargas e João Pessoa; a plataforma da Aliança Liberal era contrária à valorização exclusiva do café e a favor da ortodoxia financeira; propunha algum tipo de proteção trabalhista: extensão do direito à aposentadoria a alguns setores ainda não contemplados, regulamentação do trabalho dos menores e mulheres, aplicação da lei de férias; reconhecia a questão social (ao contrário de W.Luís, para quem ela era “questão de polícia”); defendia as liberdades individuais, a anistia (para os tenentes, p.ex.) e a reforma política (para assegurar a verdade eleitoral);
out – crise econômica mundial rebaixando os preços do café em meio a uma superprodução (safra 2 vezes maior do que a média das últimas três); Washington Luís, preocupado com o plano de estabilidade cambial (que iria fracassar) recusa a concessão de novos financiamentos e a moratória dos débitos dos cafeicultores
dez – congresso de lavradores paulistas ataca o governo
1930 – Júlio Prestes vence as eleições em março; as máquinas eleitorais foram utilizadas de lado a lado: no RS, Getúlio vence por 298 627 votos contra apenas 982; “tenentes” querem uma resposta pelas armas e o episódio do assassinato de João Pessoa, em 26 de julho, por motivos locais (desafeto político e pessoal João Dantas, na PB) proporciona uma legitimação ao golpe, desfechado a partir de outubro em MG, RS e no Nordeste; em 24 de outubro uma junta militar depõe o presidente da República e em 3 de novembro, depois de entrar na capital com 3 mil soldados, Getúlio Vargas toma posse na presidência