/AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 11. Dinossauro também faz m… os podres de Al Tivo

AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 11. Dinossauro também faz m… os podres de Al Tivo

  1. Dinossauro também faz m… os podres de Al Tivo

    Leitorxs (o “x”, me ensinaram, é em respeito ao direito que cada um tem de fazer suas escolhas de gênero),Sei que talvez alguns de vocês estivessem hoje esfregando as mãos e lambendo os beiços (com todo o respeito) à espera do episódio “Agora é guerra: as mulheres guerreiras e sua vingança inesquecível”; pois é, eu também rsrs. Mas não veio, amanhã deve vir, se os deuses forem bons. Hoje o que veio foi isso aqui, espero que também divirta e faça pensar, se não for muita pretensão…

    O autor

    Lá vai, então, a historinha de hoje…

    Já descrevemos aqui Al Tivo, um dos mais velhos dinossauros em atividade no Departaminto de Sexologia da UFFa. Al Tivo gostava de brigar. Era um criador de casos. Enfurecia-se com facilidade diante de episódios aparentemente menores, mas que para ele eram sempre o fim do mundo, o prenúncio do Apocalipse. Nessa hora, sai da frente, lá vem Al Tivo batendo pesado. Ao contrário do que ele pensava, mesmo nas raras vezes em que estava certo não dava nenhum trabalho. Sua fúria dava aos adversários o meio de o neutralizar: é louco, só pode… e riam de mais um ataque frontal e inútil.

    Al Tivo, realmente, era exagerado em tudo. Só sabia viver apaixonado, pela vida e pelas mulheres, não necessariamente nesta ordem. Reza a lenda que havia namorado 999 alunas e que só não tinha namorado a milésima porque, como dizia Jorge Ben, teve humildade em gol. Na verdade, tinha esse mau costume de se apaixonar por mulheres, algumas delas, alunas. Até havia se casado com uma, que lhe dera o seu primeiro filho.

    O caso mais rumoroso e espetacular se deu quando, Al Tivo, no auge da paixão, querendo proteger a amada dos ataques maledicentes que circulavam nos malditos corredores que falam do Instituto de Ciências Desumanas e Proctologia da UFFa, pois bem, vejam só, havia lido poemas em sala, dedicados a ela. Queria provar a tese quixotesca que é possível ocorrer a fagulha (com perdão do termo acadêmico), até mesmo nesse ambiente hostil aos sentimentos humanos que é a cela de aula.

    Como sempre, foi motivo de chacota, até por conta do mau gosto romântico da sua produção poética, por assim dizer. Escreveu e, o que é pior, leu, coisas como:

    Enquanto você existir
    eu serei feliz
    levando minha vida
    andando por aí

    você,
    cantando e brincando,
    vivendo a sorrir
    debaixo do sol e da lua,

    enquanto você existir

    Parece até que era uma música. O dinossauro Al Tivo era tão metido que achava artista, poeta e compositor. Era uma contradição ambulante: falava mal da academia e do seu departaminto, mas auferia seu gordo salário, bem maior do que a média dos brasileiros (como lembrara um aluno sujeito-homem) e desfrutava do capital simbólico de pertencer ao maior departaminto de sexologia do Ocidente. Dizia-se anarco-pandeirista (mal batia no ritmo), vivia citando John Lennon, Raul Seixas e os gregos antigos, mas nunca conseguira escapar das armadilhas do poder, pois como já está na Bíblia, “é tudo vaidade”. Ou na versão de Lobão, se preferirem: “é tudo pose”.

    Seus acessos de fúria eram sempre politicamente corretos, reservados aos poderosos, sobretudo ao seu departaminto, com o qual mantinha uma antiga e bem correspondida relação de ódio e desprezo. Mas certa vez, totalmente descontrolado, agrediu verbalmente e desrespeitou uma turma de sexologia e gastronomia, para surpresa, desgosto e indignação daqueles que sempre o haviam apoiado da forma mais verdadeira, aparecendo nas suas aulas para ouvir as besteiras que dizia.

    Neste ponto, as fontes sobre tão insignificante dinossauro divergem.

    Há quem diga que a turma finalmente se revoltou, denunciando o arbítrio, o desrespeito, a agressão ao departaminto de sexologia, pedindo a cassação da carteira de sexólogo do arrogante dinossauro, pseudo-defensor dos frascos e dos comprimidos.

    E há quem diga que pediu desculpas, calçado com as sandálias da humildade, segurando as lágrimas (era sempre exagerado, lembram-se?). Nessa hora, Al Tivo foi fulminado pelos deuses do Olimpo, em quem acreditva malandramente, virou pó, foi plantado num jardim de rosas e colocado na orelha de uma morena (mulherengo pós-mortis, taradão!), até que o vento, enfim, para alegria geral, o levou…

    É claro que os mais iminentes sexólogos se inclinam pela primeira versão, bem mais crível e científica.

    De qualquer forma, devemos registrar aqui que pouco depois do seu esfumaçamento espetacular (era dado a encenações e efeitos especiais o danadinho), apareceu um sujeito bem parecido com ele, tromba gigantesca, corpo desajeitado e curvado, dizendo-se um enviado de Al Tivo, um tal de Marcos…

    Tem cada maluco nesse mundo…

    ———————————————————————————-

    OBSERVAÇÃO: Esta é uma obra FICCIONAL, inspirada em processos realmente existentes, mas não em pessoas. Semelhanças com pessoas reais são apenas coincidência, sem dúvida fruto da frequência com que determinadas coisas ocorrem nos ambientes retratados.