/AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 31. Lições do rei

AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 31. Lições do rei

As aventuras da Dra Eu Ka Liptus

031. Lições do Rei

A antes doce Eukali podia estar amargando a passos largos, mas seu corpinho afro-calipígio ainda atraía olhares e desejos infernais. Rei dos Pontos agora bebia água daquela fonte antes pura e límpida. Como bom preceptor, foi dando a ela as dicas de como se comportar na pós-chateação:

– Aqui é uma sociedade de corte, todos os gestos são medidos, estudados, as palavras então nem se fala…

– Como assim, meu Rei?

– Por exemplo, eu sou convidado para botar banca de uma tese de dor-tourado, leio o trabalho e percebo que não tem pé nem cabeça, o autor ou autora estava completamente perdido…

– E aí você levanta esse ponto durante a arghhh-ih-ção?

– Santa ingenuidade Eukalizinha, é lógico que não. Já pensou? Se eu dissesse a verdade ficaria claro que meu colega PhDeus abandonou seu desorientando à própria sorte…

– Não entendi…

– Perder tempo com outro ser humano, ainda mais um reles mortal, um estudante? Decerto meu colega estava ocupado que em reescrever pela 8a. vez aquele artigo manjado, em redigir uma comunicação para viajar a um congresso em uma bela praia ou até mesmo, isso sim, a preparar a documentação para o seu sétimo pós-dor-tourado na Cidade Luz…

– Sem falar nas aulas…

– Ninguém perde tempo com isso, criança, a educação do século XXI dispensa estas formalidades…

– Então o que você diz quando bota banca?

– Generalidades positivas. Do tipo: “O trabalho traz uma grande contribuição a uma área pouco estudada”, “Nota-se que o autor fez um enorme esforço no levantamento de fontes”, “Sem dúvida a autora abre um caminho importante às pesquisas futuras” e por aí vai…

– E as críticas?

– As principais, eu não faço, é claro. Mas faço umas críticas de nada, só pra não dar na pinta que aquilo é uma ação entre amigos. Afinal, amanhã ou depois é um orientando meu que vai ser examinado por meus pares…

– Começo a entender… mas nunca dá errado?

– Nunca. Sempre tem um principiante desavisado ou então um idealista incorrigível, feito aquela besta do Al Tivo, que chega lá e escancara os problemas reais do trabalho…

– E aí? O que vocês fazem?

– Nada, fazemos de conta que não ouvimos nada. O candidato ou candidata agradece a contribuição crítica, não responde a nenhuma pergunta mais escabrosa e pronto…

– Mas e o arghhh-ih-dor?

– Depois que a gente pede ao candidato e ao seu séquito de amigos e familiares que se retirem, uma parte boa do ritual pra mostrar quem manda nessa joça, temos o des-orientador e mais três arghhh-ih-dores contra um, o rebelde sem causa não tem a menor chance.

– Mas e aquelas críticas que ele fez?

– Desaparecem no ar, ninguém mais se lembra daquilo. Academia, ainda mais a pós-chateação, é que nem o jogo do bicho?

– Como assim?

– Vale o escrito: Dor-tou em Sexologia pela Uffa! Pronto, o resto é besteira. Como dizia o grande João Saldanha: “Quem protesta já perdeu”…

– Caramba, eu não sabia que era assim que se fabricava um PhDeus!

– Calma, o papel bonito do diploma é só o começo, ainda falta muito pra virar um PhDeus…

– É mesmo?

– Outro dia eu te conto, morena, agora vamos chamegar que essa conversa de botar banca me deixou em ponto de bala…

 

Conseguirá Eukali transformar-se em uma PhDeusa sob a competente orientação de Rei dos Pontos? E a sinistra vingança tramada por seu ex-amante Zou Negão e por seu comparsa MataUm MataGeral?

Tudo isso e muito mais nos próximos capítulos da sua, da nossa novella ex-foicibukiana

“As aventuras da Dra. Eu Ka Liptus: uma vida em 69 histórias bem sacanas”…

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OBSERVAÇÃO: Esta é uma obra FICCIONAL, inspirada em processos realmente existentes, mas não em pessoas. Semelhanças com pessoas reais são apenas coincidência, sem dúvida fruto da frequência com que determinadas coisas ocorrem nos ambientes retratados.