/AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 4. Conversa de Corre-a-dor

AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 4. Conversa de Corre-a-dor

  1. Conversa de Corre-a-dor

Os correm-as-dores do Cancrus, sobretudo no Bronco O (ó diziam uns, zero diziam outros), eram mágicos. Talvez pela presença constante de PhDeuses e PhDeusas, aquelas paredes falavam. Nelas se ouvia de tudo. Principalmente conversas sobre seeeeexo, afinal, ali estava super-lotado o ilustre, o insigne-ficante Departaminto de Sexologia da UFFa, glória da ciência nacional e plane-otária.

Quem está comendo quem era a pergunta fundamental. Em segundo lugar vinha quem largou quem, sempre bem cotada também. Calúnias, boatos e projetos de pesquisa ricochicoteavam pelas finas divisórias de eucatex. De vez em quando uma notícia abalava aquelas já frágeis estruturas.

Havia outros processos de longa duração, todavia, que não mereciam tanta ou na verdade nenhuma atenção. Como fazer fofoca acerca do aumento do número de alunos em sala de 25 para 62 em meros 30 anos? Ademais por se tratar de um assunto relativo àqueles seres sem luz, sem diploma e sem anel, mas infelizmente ainda cheios de sonhos e desejos de mudança (CruzCredo!).

Os velhos dinossauros, todavia, com o perdão da redundância, ainda tinham o antigo hábito de conversar sobre assuntos do interesse da coletividade – não confundir com a inescapável coleta CAPE-se. Nossas câmeras 24h (é bom não dar mole pra aluno!) flagraram esta conversa entre Celo Baró e Al Tivo:

– Al Tivo, tu tá conseguindo dar aula com 60 e tal em sala?

– Bem, a gente se vira como pode, não é, meu amigo?

– Se vira se faltarem muitos, se vier todo mundo tem que ficar dando a aula inteira sem se mexer, presinho na cadeira

– Pois é, Celo, só que tou achando que tem uma carne podre debaixo desse angu, tu não achas?

– Como assim, quer dizer, carne podre não como não…

– Baró, pensa bem, depois de 900 mil anos de escravidão deixam entrar os crioulos e crioulas na Perversidade quejáfoi Pública.

– Pô, isso foi maneiro demais, Al Tivo, a primeira boa notícia em muitos anos.

– É… eu também acho. Mas agora, por coincidência, não tem nem água (que nem nos navios negreiros), os prédios tão caindo ou despencando e a graduação virou um valão, coisa que os negão bem conhecem, afinal quase todo dia são visitados pelo Black Bope, pela Polícia Incivil, sem falar na PMerdi. Tu achas que isso é coincidência?

– Putzgrila, Al Tivo, tu vive perturbando as consciências mesmo, meu camarada, tu não fica quieto nunca?

– Perturbo, logo existo, meu irmão, é isso aí.

 

 

OBSERVAÇÃO: Esta é uma obra FICCIONAL, inspirada em processos realmente existentes, mas não em pessoas. Semelhanças com pessoas reais são apenas coincidência, sem dúvida fruto da frequência com que determinadas coisas ocorrem nos ambientes retratados.