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HISTÓRIAS DO SAMBA – 20. Companheiros inseparáveis

  1. Companheiros inseparáveis

 

Hoje em dia já tem torcida de futebol em São Paulo que virou escola de samba. E escolas do Rio já fizeram homenagens ao Flamengo e ao Vasco no ano dos respectivos centenários. Em muitos estádios Brasil afora as torcidas tem baterias, muitas vezes integradas por componentes de escolas de samba que cantam sambas enredo ou mesmo sambas “comuns” para incendiar os estádios.

Mas a ligação entre as escolas de samba e o futebol é anterior e muito mais profunda. Como os sambas tratam do cotidiano das classes populares, há muitos deles abordando o futebol, bastando citar o famoso “E o juiz apitou”, samba do rubro-negro apaixonado Wilson Batista, onde há uma verdadeira descrição das desventuras de um torcedor:

 

Eu tiro o domingo para descansar
Mas não descansei
Que louco eu fui


Regressei do futebol
Todo queimado de sol
O Flamengo perdeu
Pro Botafogo


Amanhã vou trabalhar
Meu patrão é Vascaíno
E de mim vai zombar

 

Foram noventa minutos
Que eu sofri como louco
Até ficar rouco


Nandinho passa a Zizinho
Zizinho serve a Pirilo
Que preparou pra chutar


Aí o juiz apitou
O tempo regulamentar
Que azar!

 

De qualquer maneira, a relação entre samba e futebol é ainda mais estrutural, por assim dizer. Em uma entrevista, Mestre Xangô da Mangueira lembrou que quase toda escola de samba veio de um bloco. O bloco, por sua vez, ele ensinou, muitas vezes se originara de um time de futebol e daquele sambinha que o pessoal faz antes, durante e depois dos jogos.

Para comprovar a tese, eis as escolas de samba que surgiram de times de futebol, apenas no Rio: Unidos do Cabuçu, Vila Isabel, União da Ilha, Mocidade Independente, São Clemente e Porto da Pedra.

As duas maiores paixões dos brasileiros, samba e futebol são companheiros inseparáveis.